São Paulo, segunda-feira, 2 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bolsas têm queda em volume de negócios

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

O mercado acionário vive um momento de incerteza. Em abril, o índice da Bolsa paulista registrou alta de apenas 12,73%, contra 42,60% da variação da URV no período.
Até março, as Bolsas brasileiras haviam sofrido pouco com a situação internacional.
Ocorre que o Banco Central dos Estados Unidos aumentou as taxas de juros para evitar o ressurgimento da inflação naquele país.
Isso acarretou uma mudança no fluxo do dinheiro internacional.
As Bolsas de Valores internacionais caíram e as aplicações de renda fixa ficaram mais atraentes.
O efeito foi uma paralisação no mercado acionário brasileiro, após prolongado período de alta.
A valorização nas cotações até então veio associada à maior presença dos investidores estrangeiros.
O volume médio diário de negócios na Bolsa paulista passou de US$ 34 milhões em 1991 para US$ 156 milhões em 1993 e mais de US$ 300 milhões este ano.
Na semana passada, o volume médio diário foi de US$ 196 milhões.
O presidente da Comissão de Valores Mobiliários, Thomás Tosta de Sá, entende que a queda nas Bolsas brasileiras em abril foi mais por aspectos psicológicos.
Segundo ele, não há uma relação "muito forte" entre uma pequena alta nos juros nos Estados Unidos e a baixa pronunciada das Bolsas brasileiras.
Sá diz que os investidores estrangeiros preferem até que as Bolsas brasileiras não se guiem pelas congêneres internacionais, servindo assim de "um seguro contra perdas" em suas aplicações no exterior.
José Flávio Ramos, diretor-executivo do Banco Crefisul, associado ao Citibank, observa que as instituições passaram a investir mais, nos últimos seis meses, em equipamentos que permitem o acompanhamento a cada segundo das Bolsas no exterior. É uma forma de atender melhor os clientes estrangeiros.
Uma baixa no índice Dow Jones da Bolsa de Nova York costuma assim refletir de imediato em um aumento nas ordens de venda na Bolsa paulista, diz.
As Bolsas enfraqueceram em abril também por conta do fracasso da reforma constitucional, das pesquisas indicando a vantagem do candidato do PT e dos elevados juros reais (acima da inflação) no mercado interno.
Outro fator que contribuiu para a queda nas cotações em abril foi que as ações brasileiras mesmo as de segunda linha estão com preços altos. O período de ajuste nas cotações já era esperado, diz Luiz Antonio De Conti, responsável pelo Departamento Econômico do Banco Lavra S/A.
Ney Castro Alves, presidente da Adeval, que reúne as distribuidoras de valores, sugere o aumento no número de aplicadores nas Bolsas através da criação de fundos de investimento em quotas de fundos de ações.
Esses fundos permitem reduzir os custos para as distribuidoras na captação de dinheiro junto a investidores do mercado acionário.
O presidente da CVM, Thomás Tosta de Sá, prometeu para breve a aprovação dos novos fundos.

Texto Anterior: Nike é um estilo e uma visão de mundo
Próximo Texto: URV chega para fundos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.