São Paulo, segunda-feira, 2 de maio de 1994
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Válber perde quatro dentes ao levar soco

Zagueiro são-paulino foi agredido por Antônio Carlos

UBIRATAN BRASIL
DA REPORTAGEM LOCAL

O zagueiro Antônio Carlos, do Palmeiras, provocou revolta em todos os jogadores do São Paulo. O motivo foi um soco dado contra o zagueiro Válber, aos 12min do segundo tempo.
Com a agressão, Válber perdeu quatro dentes. "Minha vontade é sair com ele no braço, na saída do estádio", reagiu o jogador, ainda chorando.
O lance aconteceu depois de uma jogada dividida. Quando os dois jogadores caíram no chão, trocaram socos: Válber acertou a face esquerda de Antônio Carlos, que reagiu com um direto na boca.
A cena não foi flagrada pelo árbitro paraguaio Juan Francisco Escobar, que só viu as costas dos zagueiros, caídos.
Os jogadores do São Paulo, ao perceberem que Válber sangrava muito, correram em direção de Antônio Carlos, mas evitaram uma agressão.
"Mas faltou pouco para que ele não fosse agredido", disse Cafu, que ficou chocado quando percebeu o estado do colega.
A revolta dos jogadores se alastrou no vestiário. "O que vi vai contra tudo o que conheço de futebol", disse o meia Leonardo, que já notava uma alteração no comportamento do zagueiro palmeirense.
"No jogo de quarta-feira passada, ele já se mostrava irreconhecível, muito violento para um jogador que já esteve na seleção brasileira", disse o meia.
A irritação aumentou quando os jogadores perceberam mais estragos provocado pelo zagueiro do Palmeiras.
O lateral André levou uma cotovelada no olho esquerdo e o atacante Euller teve sua chuteira esquerda rasgada. Ambos acusaram Antônio Carlos da violência.
O quadro espantou principalmente os jogadores considerados amigos do zagueiro. "Ele não precisava fazer isso. Homem que é homem não abusa da violência", disse o meia Palhinha.
Os dirigentes do São Paulo, irados, decidiram barrar a entrada de Antônio Carlos no centro de treinamento da Barra Funda e no clube, no Morumbi.
"Já assinei uma CI (comunicação interna) para a segurança, proibindo a entrada dele", disse o diretor de futebol, Kalef João Francisco. "O que ele fez foi coisa de cafajeste."
Antônio Carlos ainda mantém o hábito de utilizar o centro de fisioterapia do São Paulo, já que o do Palmeiras ainda não foi instalado.
Os dirigentes suspeitam que o jogador ainda guarda mágoas por não ter sido recontratado pelo São Paulo, no início do ano passado, quando jogava pelo Albacete espanhol.
"Ele nunca nos perdoou. Mas não sabe que não podíamos competir com a Parmalat, que ofereceu mais", disse Kalef, referindo-se à proposta de US$ 1,2 milhão (CR$ 1,5 bi).
"Se for por isso, ele fez bobagem", disse Palhinha. "Ele voltou ao Brasil pelo Palmeiras e não pode reclamar."

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