São Paulo, segunda-feira, 2 de maio de 1994
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Jovens envolvidos no crime são heróis para as garotas do morro

ANTONINA LEMOS
DA ENVIADA ESPECIAL

Jovens são heróis para garotas que vivem no morro
Nessa história de tráfico de drogas, as meninas ficam meio de fora. A reportagem da Folha não encontrou nenhuma garota trabalhando no tráfico. O que não quer dizer que elas não saibam o que se passa.
Algumas transformam os jovens criminosos em heróis. "Acho legal os garotos que trabalham na boca. Eles são divertidos, acho bonito esse trabalho", diz Márcia, 15, moradora de um morro no centro do Rio. Ela passa horas conversando com os "vigias" do morro.
No momento, a garota está sem namorado, mas diz que não veria nenhum problema em namorar um dos garotos da boca.
Roberto, 15, vigia da boca e amigo de Márcia, diz ter várias namoradas e fazer sucesso com as meninas. "Tem umas que adoram bandido", diz.
E olha que ser mulher de bandido não é fácil. Marcelo, 21, o gerente da boca, diz que sua mulher, de 17 anos, não sai do morro nem para fazer compras. "Fico preocupado, tenho medo de que lhe aconteça alguma coisa."
Ele diz que não é fiel. "Claro que eu não sou fiel. Já viu bandido ser fiel a alguém?"

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