São Paulo, segunda-feira, 2 de maio de 1994
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Da Reportagem Local

DA REPORTAGEM LOCAL

Em outubro do ano passado, um mês depois da chacina de Vigário Geral (praticada por policiais militares em um subúrbio do Rio), o presidente Itamar Franco disse que estava pronto para pedir uma intervenção federal no Rio de Janeiro.
Ele disse que a intervenção só dependia de um pedido do então governador Leonel Brizola.
O presidente Itamar Franco não foi a única pessoa a pensar nisso. Muitos cariocas e pessoas de outros Estados discutiram a intervenção como a única maneira de acabar com o tráfico de drogas, a violência e o crime organizado no Rio de Janeiro.
Discutia-se também o envolvimento da polícia com o crime e a corrupção. A pergunta era a seguinte: "Como uma polícia que está envolvida diretamente com a criminalidade pode resolver o problema da violência?"
O presidente do Clube Militar, general Nilton Cerqueira, endossou a idéia de intervenção federal, dizendo que o governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, estava ofendendo os direitos humanos e faltando com seu dever ao não pedir a intervenção.
Poucos dias depois do presidente Itamar Franco ter declarado que era a favor da intervenção, ele disse que estava descartando a idéia, mas que temia que a violência no Rio levasse a necessidade de soluções não democráticas.
Ao mesmo tempo em que algumas pessoas pediam a intervenção, os cariocas se organizavam e criavam o movimento "Viva Rio", que pretendia levantar o moral dos cariocas e mostrar que outras soluções menos radicais poderiam ser adotadas.
Eles pregaram o aumento da segurança pública e privada na cidade. Tentavam levantar a moral dos cariocas.
Essa questão voltou à tona agora com o escândalo da lista de bicho. Principalmentre com a inclusão de Marcello Alencar (ex-prefeito do Rio), Nilo Batista (governador do Rio), e Cezar Maia (atual prefeito da cidade) na lista, que dizia que eles recebiam dinheiro do bicho.
Marcello Alencar começou a defender a intervenção, chegando a reunir-se com o governador Nilo Batista pedindo que o governador aceitasse a intervenção.
Ao mesmo tempo, o Ministro do Exército do Rio, Zenildo de Lucena, disse que estava pronto para cumprir o seu papel e intervir na segurança da cidade.
Muito se fala sobre o assunto. Mas a realidade é que para a intervenção no Rio de Janeiro acontecer legalmente, ela tem que ser pedida pelo presidente da República ou pelo presidente da Câmara, do Senado ou pelo presidente do Supremo Tribunal Federal.

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