São Paulo, segunda-feira, 2 de maio de 1994
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ENDURO AMOR PELA LAMA

KAREN GIMENEZ
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Eles levantam bem cedo –por volta das seis da manhã– em pleno fim-de-semana.
Arrumam o equipamento e passam entre quatro e oito horas se embrenhando com jipe, moto, cavalo ou bike nas matas de Alphaville, Serra da Cantareira, Atibaia, Ilhabela e onde mais tiver montanha e mato fechado.
Essa é a atividade dos trilheiros ou enduristas. Tradicionalmente praticados por gente mais velha, os enduros começam a formar uma nova geração.
Respeitando as condições de cada tipo de veículo, as provas, no geral, são muito parecidas.
As provas de enduro são divididas basicamente em dois tipos: velocidade e regularidade. Ambas são feitas em trilhas, aproveitando o relevo natural, com interferências eventuais da mão do homem.
As provas de velocidade têm trajetos mais curtos, onde os pilotos dão várias voltas em um circuito.
Nas de regularidade, eles percorrem apenas uma vez o trajeto. São mais de 100 km –exceto no enduro a cavalo que o percurso é menor– seguindo uma planilha de orientação (veja quadro ao lado).
Nas competições de regularidade, postos de controle –ironicamente chamados PC's– ficam espalhados pela trilha.
São fiscais equipados com um pequeno computador que registram a hora da passagem de cada piloto para comprovar que ninguém cortou caminho.
Essa marcação é muito importante, pois o atleta tem um tempo pré-estipulado para percorrer cada trecho da trilha.
O número de PC's e os locais onde eles vão ficar, são mantidos em segredo, para que todo mundo cumpra o trajeto conforme estipula a planilha.
O objetivo dos dois tipos de enduro é diferente. No de velocidade, com largadas em grupos, vale quem chegar primeiro.
No de regularidade, com largada individual –exceto com bikes– vale seguir à risca a velocidade e o tempo estipulados na planilha. Segundos de vantagem ou atraso acarretam penalidade.
Vida social
Quase todos os enduristas concordam que o esporte não atrapalha os estudos, mas mexe na vida social.
Se por um lado atrai paqueras na escola, por outro impede o comparecimento a muitas festas. Mas ninguém reclama.
"Vou à faculdade com o jipe e os caras deixam bilhetinho no pára-brisa", conta a endurista Cristiane Marcondes.
Mas esse mesmo jipe já fez Cristiane perder um namorado. "Ele era muito ciumento e nos raids só tem homem. Não deu para continuar", desabafa.
Uma história bem diferente da de Cristiane é a da amazona Ana Luísa Meirelles. Ela conheceu seu namorado, Eduardo de Souza Naves, 20, em uma prova de enduro a cavalo.
"Era o meu primeiro enduro e ele veio me dar umas dicas." O relacionamento já dura quase dois anos.
Ao contrário das duas, o jipeiro Douglas Imperi consegue conciliar um namoro com Luciana Pereira, 21, mesmo sem ela ter qualquer ligação com o esporte.

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