São Paulo, segunda-feira, 2 de maio de 1994
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OLP nega despreparo para poder

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A OLP (Organização para a Libertação da Palestina) rejeitou ontem a acusação de que não está preparada para assumir o controle da faixa de Gaza e de Jericó.
Estes territórios ocupados por Israel passarão à jurisdição palestina em poucos dias. O acordo final de autonomia será assinado quarta-feira, no Cairo (Egito).
"Não há motivo para preocupação", disse Ahmed Tibi, assessor do líder da OLP, Iasser Arafat. "Não haverá um vácuo quando os israelenses deixarem os territórios palestinos, porque os palestinos tomarão posse imediatamente."
A acusação de despreparo da OLP partiu de membros do governo israelense. O chanceler Shimon Peres, por exemplo, diz que faltou preparação: "Eles têm de preparar sua polícia, administração, tudo".
Ahmed Tibi, da OLP, responde que comitês de ligação palestinos "assumirão responsabilidades de forma organizada". As instruções para os comitês, afirmou, serão transmitidas pela liderança da OLP "dentro de poucos dias".
A OLP anunciará a formação de uma Autoridade Nacional Palestina (ANP) uma semana após a assinatura do acordo. A ANP atuará como um governo provisório.
O organismo será presidido pelo líder da OLP, Iasser Arafat. Terá 22 membros, 12 provenientes dos territórios ocupados e 10 "da diáspora" (do exterior).
Com a assinatura do acordo, Israel transferirá a chefes de polícia palestinos cinco guarnições usadas em 27 anos de ocupação. A polícia palestina terá 9.000 membros.
Os primeiros 2.000 virão esta semana, provenientes do Egito. Na faixa de Gaza, que tem 900 mil habitantes, ficarão 1.500. Outros 500 vão para Jericó.
Cerca de 40% dos 300 km2 da faixa de Gaza permanecerão sob controle do exército israelense. Sua missão é proteger as colônias judias durante os cinco anos de "autonomia interina".
O chefe do Estado-Maior israelense, general Ehud Barak, propôs no entanto acelerar a retirada de Gaza. Ele teme pela vida dos soldados durante a evacuação, por causa da "ausência de coordenação entre o exército e a OLP".
Autorização
O gabinete israelense autorizou ontem, por unanimidade, o premiê Yitzhak Rabin e o chanceler Shimon Peres a assinarem o acordo de autonomia palestina, quarta-feira.
O governo de Rabin deve enfrentar hoje várias moções de censura no Parlamento, dos partidos nacionalistas radicais, que querem derrubá-lo por causa do acordo. A coalizão governamental tem 56 das 120 cadeiras do Parlamento.

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