São Paulo, segunda-feira, 2 de maio de 1994 |
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Eleição propicia bipartidarismo de fato
CLÓVIS ROSSI
Em 1990, no entanto, tornaram-se, os principais parceiros na transição do apartheid para o multirracialismo, quando o presidente De Klerk libertou Mandela. Por isso, os dois ganharam o Prêmio Nobel da Paz. Agora, deverão conviver juntos no novo governo, em uma África do Sul virtualmente bipartidária. O CNA e o Partido Nacional, somados, obtinham, até ontem à noite, quase 87% dos votos apurados, o que lhes dá virtual monopólio político. Para começar, só o CNA e o PN ganharam o direito de fazer parte do governo de unidade nacional, por terem sido os únicos a superar os 5% dos votos. Mas, em mais uma evidência de sua moderação, o CNA está sinalizando que vai convocar pelo menos dois outros partidos a fazer parte do governo. Exatamente os seus dois maiores inimigos. "Estamos decididos a formar um governo o mais abrangente possível. Não excluímos a possibilidade de que o Inkatha faça parte do governo, mesmo que não atinja a porcentagem requerida", disse Pallo Jordan, chefe do Departamento de Informação do CNA. O Inkatha Partido da Liberdade representa uma fatia dos zulus (maior etnia sul-africana) e manteve constantes e cruentos conflitos com o CNA, cuja cúpula é basicamente xhosa. A frase de Jordan vale também, como ele deixou claro, para a Frente da Liberdade, único grupo da extrema-direita branca que decidiu participar da eleição. A Frente é liderada pelo general Constand Viljoen, ex-chefe das Forças de Defesa, e quer travar na nova Assembléia Nacional a batalha pela constituição de um "Volkstaat", um Estado para a minoria branca. A moderação do CNA, explícita durante a campanha, tende a se acentuar com os resultados. Os 2/3 esperados foram descartados por Pallo Jordan antes mesmo de a contagem de votos chegar a 20% do total. "Projetamos uma maioria de 58%, talvez 60%", disse o chefe de Informação da coligação vitoriosa. O CNA perdeu as eleições em duas das nove províncias: Cabo Ocidental, de maioria branca e mestiça e que votou no Partido Nacional, e KwaZulu/Natal, onde vive a maioria dos 8,3 milhões de zulus. Nesta última, o Inkatha venceu com 63% dos votos. (CR) Texto Anterior: Mandela, virtual eleito, faz discurso moderado Próximo Texto: Do enviado especial Índice |
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