São Paulo, terça-feira, 3 de maio de 1994
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Indústrias formam "Bolsa do Queijo"

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

As indústrias de queijo estão trabalhando para transformar seu produto em "commodity", com cotações em bolsa e negócios no mercado futuro.
"Commodities" são produtos primários (agropecuários ou de mineração) negociados em bolsa. Em muitos casos, têm cotação internacional.
O primeiro passo da Associação Brasileira da Indústria de Queijo (Abiq) foi dado há três semanas.
Em caráter ainda experimental, os fabricantes de queijo estão se reunindo semanalmente para fazer a cotação do produto para o atacado paulista.
"Queremos profissionalizar o setor e organizar as informações sobre oferta e procura", diz Jorge Kumagai, diretor da Abiq.
Hoje são cotados quatro queijos: mozarella, prato, provolone e minas frescal. O queijo ralado também deve entrar na cotação.
Na semana passada, o preço do queijo prato (peça de três quilos) variou de 3,43 URV (mínimo) a 4,20 URV (máximo). No período anterior, de 18 a 22 de abril, a variação foi de 3,35 URV (mínimo) a 4,17 URV (máximo).
"Nas duas semanas, o preço ficou praticamente estável", diz o diretor da Abiq.
Na segunda etapa, ainda sem data definida, a bolsa do queijo trará maiores informações sobre oferta e procura dos queijos e derivados, em modelo semelhante ao da Bolsa de Cereais.
Segundo Kumagi, o principal problema para transformar o queijo em "commodity" é a falta de um contrato padrão de tipos de queijo.
"A idéia é ter um padrão de identidade e qualidade fornecido pelo Ministério da Agricultura", diz Kumagi.
Fábio Scarcelli, presidente da Abiq, afirma que não há risco de a bolsa do queijo passar a ditar o preço do setor, acabando com a concorrência e monopolizando o mercado.
"Somos mais de 500 empresas registradas no país. Com esse número, sempre haverá concorrência", diz Scarcelli.
Ele afirma, ainda, que a cotação em bolsa é a forma de profissionalizar um setor que movimenta US$ 1 bilhão por ano.
Além da bolsa, a associação está criando uma campanha publicitária para aumentar o consumo de queijo no país.
Cada brasileiro consome, em média, 2,5 quilos do produto por ano. Na Argentina, essa média chega a 8 quilos/ano e na Europa ultrapassa 18 quilos por ano.
"A campanha deve aumentar o consumo em 10%, o equivalente a 35 mil toneladas do produto por ano", diz Solon Rezende Júnior, diretor de marketing da Abiq.
A idéia é mostrar as propriedades nutritivas do queijo –um derivado do leite– e atacar o mito de que o produto é caro.
"Em quantidade de proteínas, um quilo de queijo corresponde a cinco dúzias de ovo e o preço é equivalente", afirma Rezende.
A campanha deverá ser veiculada no próximo semestre.

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