São Paulo, terça-feira, 3 de maio de 1994
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Grupos lutam para previnir drogas

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

As escolas que querem implantar programas de prevenção a drogas precisam começar a procurar já as instituições que dão orientação na área em São Paulo.
Isso, para conseguir algo no ano que vem.
Programas como a Escola é Vida, da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, estão com 60 pedidos de curso para 20 vagas.
A Divisão de Prevenção e Educação do Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos) também está com agenda cheia até dezembro.
Junto com o Departamento de Educação e Prevenção, da FOS (Federação de Obras Sociais), formam o seleto grupo que trabalha em uma das áreas que mais se desenvolveu na última década no sistema escolar norte-americano (leia texto abaixo).
As três instituições paulistas trabalham com pouca gente e dinheiro e, no caso da FOS, muitas vezes dependem de doações.
Partem da idéia de que é necessário valorizar a vida –aumentar sua qualidade, buscar saúde, oferecer alternativas de lazer– para enfrentar as drogas.
Outro ponto comum é o princípio de que cada escola tem que desenvolver seu próprio programa de prevenção a drogas, adequado à sua realidade.
"Tentamos trabalhar com a droga de uma forma contextualizada. A droga em si não é o problema. É necessário ver a função que ela tem em determinada comunidade", diz Maria José Siqueira, da Escola é Vida.
Todas preferem formar professores, funcionários, diretores, a lidar diretamente com os alunos.
"Queremos responsabilizar as pessoas que estão envolvidas no processo educacional", afirma Dirce Maria Achutti, da FOS.
O primeiro trabalho, em geral, é enfrentar os preconceitos existentes em torno do tema. "As pessoas têm muito medo, é como se o Comando Vermelho estivesse invadindo a escola", diz Achutti.
"As pessoas não percebem que a questão da droga nos adolescentes está, muitas vezes, ligada ao prazer", afirma Siqueira.
"Muitos programas partem da droga e não do ser humano. Não é a droga que busca a pessoa, mas o inverso", conta Edemur Ercílio Luchiari, do Denarc.
Segundo ele, "tem que acabar com o preconceito de que o usuário de drogas é um criminoso".
Para Luchiari, com isso, "o usuário passa a ser respeitado como uma pessoa que precisa de ajuda terapêutica e não de repressão".
Seguindo a idéia de que em cada local o problema deve ser tratado de uma forma específica, o Brasil começou esta década a desenvolver uma política de prevenção, independente da dos EUA.
Em um encontro no início de abril em São Paulo, especialistas na área fecharam o texto das "Diretrizes para uma política educacional ao abuso de drogas".
Apesar disso, como indica a própria demanda pelos centros que dão orientação na área, o trabalho de prevenção a drogas no país está apenas começando.

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