Folha de S.Paulo - Venda a prazo recua 3,2%; à vista cai 11,5%

São Paulo, terça-feira, 3 de maio de 1994

Venda a prazo recua 3,2%; à vista cai 11,5%

DA REPORTAGEM LOCAL

O comércio perdeu o fôlego em abril. As consultas ao Telecheque, indicador das vendas à vista, recuaram 11,5% sobre março.
Em relação ao mesmo mês de 93, caíram 0,1%, informa a Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
As vendas a prazo também desaceleraram. As consultas ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) em abril recuaram 3,2% na comparação com o mesmo mês de 93.
Em relação a março, o crescimento foi insignificante, de 0,2%.
A comparação com abril do ano passado, nas vendas à vista e a prazo, mostra que o movimento no comércio ficou estável.
Esse critério de medição é o mais correto, porque compara os negócios ocorridos em períodos com características semelhantes.
Receio
"O consumidor está receoso, tentando entender o mecanismo de reajuste de preços pela Unidade Real de Valor (URV)", diz Marcel Solimeo, economista da ACSP.
O que segurou os negócios a prazo foi o crediário com prestações indexadas à Unidade Real de Valor (URV), explica Solimeo.
Caso contrário, diz ele, o desempenho do SPC teria sido negativo em relação a março e o tombo ainda maior na comparação com abril de 93. Altas taxas de juros continuam freando vendas a prazo.
"Está havendo uma migração dos consumidores que pagavam à vista ou com cheque pré-datado para o crediário", diz Solimeo.
Essa migração explica parte do recuo das consultas ao Telecheque.
Com a perspectiva de mudança de moeda, os clientes evitam o pré-datado. Preferem o crediário.
Solimeo prevê mais vendas no crediário e com cartão de crédito com a estabilização da economia.
No caso crediário, essa tendência está se consolidando. No cartão de crédito, no entanto, há uma certa cautela quanto ao seu uso depois da URV. Os consumidores não estão habituados com o indexador.
InsolvênciasO número de títulos protestados em abril recuou 21,1% em relação março. Sobre abril de 93, aumentaram 22,7%, segundo a ACSP.
As falências diminuíram 24,6% em relação a março e cresceram 0,5% sobre abril do ano passado.

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