São Paulo, terça-feira, 3 de maio de 1994
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Bolsas de Valores perdem o fôlego

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

O Banco Central surpreendeu ontem o mercado financeiro ao estabelecer uma projeção de variação da Unidade Real de Valor (URV) em 42,81% para este mês. O mercado esperava uma variação mínima de 43,5% para maio.
A partir da projeção da URV, o mercado passou a trabalhar com taxa de overnight (negócios entre instituições financeiras) de 52,72% ao mês.
A taxa do over de ontem projeta um custo de dinheiro (juro do over acumulado) de 46,70% para este mês.
Isso significa que o Banco Central mantém para maio o patamar de juro real (acima da URV) de abril (2,7%).
A expectativa nos negócios a termo de sexta-feira era, porém, de uma taxa do over da ordem de 53,60% ao mês.
No mercado cambial, o Banco Central realizou um leilão de compra, sinalizando desvalorização de 42,77% no mercado de dólar comercial este mês.
Os Certificados de Depósito Bancário em URVs estão sendo pouco negociados. Os CDBs prefixados estão, em geral, com taxas melhores.
Os investidores estão receosos de aplicar nos CDBs prefixados com receio de tablitas.
Os fundos de investimento continuam aplicando nos CDBs prefixados e realizando operações "casadas" no mercado futuro de Certificado de Depósito Interbancário.
O mercado do dólar paralelo não conseguiu acompanhar os elevados juros reais e registrou ontem deságio (diferença entre o dólar comercial e o "black") de 4,04%. É o maior deságio desde 14 de abril último (-4,06).
A Bolsa de Valores paulista registrou volume de negócios de apenas US$ 141,3 milhões, bem abaixo da média diária deste ano US$ 300 milhões. A média diária do ano passado foi de US$ 156 milhões.
O que falta nas Bolsas é dinheiro novo e notícias positivas. A alta nos juros internacionais, a redução no fluxo de dinheiro externo, o fracasso da reforma constitucional, as pesquisas indicando a vantagem do candidato do PT sobre seus adversários, tudo contribuiu para segurar os preços.

JUROS
Curto prazo
Os cinco maiores fundões renderam, em média, 1,666% no dia 28, projetando rendimento para o mês de 39,80%. No mercado de Certificados de Depósito Interbancário (CDIs), as taxas de juros oscilaram entre 52,72% e 52,74% ao mês por um dia.
CDB e caderneta
As cadernetas que vencem no dia 3 rendem 49,3229%. CDBs prefixados negociados ontem: de 11.300% a 11.550% ao ano para 30 dias. CDBs pós-fixados de 92 dias: 23% a 26% ao ano mais a variação da TR.
Empréstimos
Empréstimos por um dia ("hot money") contratados ontem: de 52,70% a 53,50% ao mês. Para 30 dias (capital de giro): de 11.500% a 12.100% brutos ao ano.
No exterior
Prime rate: 6,75% ao ano.

AÇÕES
Bolsas
São Paulo: alta de 1,0%, fechando com 17.256 pontos e volume financeiro de CR$ 187,003 bilhões, contra CR$ 218,815 bilhões no dia anterior. Rio: I-Senn estável, fechando com 65.053 pontos e volume financeiro de CR$ 20,13 bilhões, contra CR$ 27,91 bilhões na última sexta-feira.
Bolsas no exterior
O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York fechou com 3.701,02 pontos, com alta de 19,33 pontos. Em Tóquio, o índice Nikkei fechou com 19.570,21 pontos.

DÓLAR E OURO
Dólar comercial (exportações e importações): CR$ 1.323,50 (compra) e CR$ 1.323,52 (venda). Na última sexta-feira, segundo o Banco Central, o dólar comercial fechou a CR$ 1.302,26 (compra) e CR$ 1.302,28 (venda). "Black": CR$ 1.260,00 (compra) e CR$ 1.270,00 (venda). "Black" cabo: CR$ 1.265,00 (compra) e CR$ 1.273,00 (venda). Dólar-turismo: CR$ 1.229,00 (compra) e CR$ 1.260,00 (venda), segundo o Banco do Brasil.
Ouro: alta de 1,79%, fechando a CR$ 15.635,00 o grama na BM&F.
No exterior
Segundo a agência "UPI", em Londres, foi feriado. Em Frankfurt, o dólar foi cotado a 1,6490 marco alemão, contra 1,6565 marco alemão no dia anterior. Em Tóquio, o dólar foi cotado a 101,80 ienes.

FUTUROS
No mercado de DI (Depósito Interfinanceiro) da BM&F, a projeção de juros para maio fechou em 48,76%, contra 49,07% na última sexta-feira.
No mercado futuro do índice Bovespa, a cotação para maio ficou em 21.400 pontos, projetando rentabilidade de 49,71% ao mês.
No mercado futuro de dólar, a expectativa de desvalorização cambial para maio ficou em 44,94%, contra 45,18% na última sexta-feira.

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