São Paulo, terça-feira, 3 de maio de 1994
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Barrichello promete homenagear Senna

WILSON BALDINI JR.
DA REPORTAGEM LOCAL

Erramos: 04/05/94
O crédito correto da foto é de Juca Varella.
Barrichello promete homenagear Senna
O piloto brasileiro Rubens Barrichello desembarcou, ontem às 6h, no Aeroporto de Cumbica, vindo de Copenhague, com escala em Londres, no vôo 757 da Varig.
Barrichello mostrou-se abatido e voltou a lamentar a morte de seu ídolo Ayrton Senna e prometeu fazer uma homenagem na próxima prova de Fórmula-1 que disputar.
"No último mês nos tornamos verdadeiros amigos e agora só resta relembrar a imagem de seu braço erguido ao comemorar suas vitórias", afirmou Barrichello.
"Vou passar por um exame médico e se puder correr em Mônaco (dia 15), usarei um capacete que terá um desenho de um `S' pintado", disse o piloto, que sofreu acidente, na sexta-feira, durante o primeiro dia de treinos para o GP de San Marino.
Barrichello sofreu fratura do nariz, um corte no lábio, escoriações no braço direito –que está gessado– e ainda sente dores nas costelas. "Mesmo assim, acho que não haverá problema para Mônaco", disse.
Nem mesmo a vice-liderança do mundial de F-1, com sete pontos, atrás do alemão Michael Schumacher (Benetton), que possui 30, chega a animar o brasileiro neste momento.
"Tudo fica para segundo plano. O campeonato, a sucessão de Senna...", disse o piloto. "Agora eu e o Christian temos que tentar reanimar a torcida. Acho que este ano, após tudo isso, vai ser difícil, mas, talvez, num futuro próximo."
Perguntado por um jornalista da TV argentina sobre "o que seria para o público brasileiro a perda de Ayrton Senna", Barrichello fez uma comparação.
"Quando você vai a um jogo de futebol, você não sabe quem vai ganhar. Mas nas manhãs de domingo que havia corrida, todo mundo sabia que o Senna venceria", disse.
Rubinho voltou a criticar os dirigentes da F-1. "É triste precisarmos perder o melhor piloto de todos os tempos para depois acontecer as alterações", afirmou o piloto brasileiro.
"Mas que é preciso ser feito alguma coisa não há dúvida. Ou então a Fisa (entidade que organiza a F-1) não está preocupada com a segurança dos pilotos", disse Barrichello.
O piloto disse que o problema não está nos carros, mas na falta de segurança das pistas.
"O circuito de Imola é bastante conhecido. Todo mundo sabe que na Tamburello (curva que vitimou Ayrton Senna) uma falha técnica causa o acidente", comentou.
Quanto à retirada dos dispositivos eletrônicos (suspensão ativa, freio ABS e controle de tração), Rubinho preferiu não opinar.
"Não trabalhei muito com isso. Meu carro tinha apenas 10% do que tinha um Williams", disse. "Mas quando um carro sai numa curva é difícil de segurar."
Barrichello afirma que os "tristes" momentos passados neste fim-de-semana (com as mortes de Senna e do austríaco Roland Ratzenberger) deram-lhe experiência para poder tomar atitudes futuras.
"Ainda estou aprendendo e neste neste GP, aprendi muita coisa e de um modo desagradável", disse.
"A partir de agora, se em algum circuito achar que não há condição de correr, não correrei", concluiu.
Rubinho disse que teria testes com seu Jordan, durante estes 15 dias que antecedem o GP de Mônaco, o quarto da temporada de 94.
"Mas resolvi vir ao Brasil e dar meu último carinho ao Senna", afirmou o piloto, que aproveitou para pedir tranquilidade aos torcedores. "O momento é de tranquilidade, de calma."

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