São Paulo, terça-feira, 3 de maio de 1994
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Novas séries são dominadas por britânicos

MARCEL PLASSE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A passagem de Alan Moore pela DC deixou marcas. Moore deu início à invasão britânica e sua tumultuada saída da empresa, devido a uma briga por "royalties", acabou mudando a política autoral no selo Vertigo – os autores, e não mais a DC, são donos dos personagens que criarem no selo.
A presença de Moore impregna especialmente o segundo título de maior vendagem do Vertigo. "Hellblazer" estrela John Constantine, criado pelo escritor no gibi "Monstro do Pântano".
Constantine é um feiticeiro de pouca mágica, mas muita energia negativa. Mal-caráter, beberrão e perdedor, é o protótipo do anti-herói Vertigo.
Sob a tutela dos britânicos Garth Ennis (texto) e Steve Dillon (arte), "Hellblazer" faz uma analogia entre a direita inglesa e os demônios do inferno.
"Hellblazer" disputa popularidade com "Shade, The Changing Man", vagamente inspirado num herói criado por Steve Ditko (pai do Homem-Aranha) nos anos 70.
"Shade" revelou a arte de Chris Bachalo, que também desenha a minissérie "Morte", e introduziu nos EUA os traços dos britânicos Phillip Bond, Glyn Dillon e Jamie Hewlett, criador de "Tank Girl".
O autor da revista, Peter Milligan, é sinônimo de confusões sexuais. Em "The Extremist" (desenhos de Ted McKeever), revirou uma comunidade sado-masoquista.
Em "The Enigma" (arte de Fegredo) e "Rogan Gosh" (Brendan McCarthy) abordou o despertar homossexual de rapazes apaixonados por figuras poderosas – respectivamente super-heróis e deuses hindus.
"Shade" faz par em esquisitice com "Kid Etermity", de Ann Nocenti (texto) e Sean Phillips (arte). "Kid" era um herói dos anos 40 que podia ressuscitar quem quisesse.
Na atual encarnação, anda de carro com Neal Cassady (que inspirou o romance "On the Road", de Jack Kerouac), flerta com Marilyn Monroe e tem sessões de psicanálise com Freud.
O "Monstro do Pântano" também foi ressuscitado com textos de Grant Morrison e Mark Millar.
O americano Matt Wagner é quase exceção nesse domínio britânico. Ele escreve "Sandman Mistery Theatre", sobre outro esquecido herói da DC.
As histórias são ambientadas nos anos 30, mas nem por isso deixam de ter a tensão sexual dos demais títulos.
(MP)

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