São Paulo, terça-feira, 3 de maio de 1994 |
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Abril Jovem e Globo disputam selo Vertigo
MARCEL PLASSE
Num "replay" da disputa por heróis da Marvel há três anos, quando a Globo rachou – por pouco tempo – o monopólio da Abril, as editoras vão dividir o repertório de títulos do selo Vertigo, nova divisão da DC Comics. A Globo já publica a revista "Sandman" e, em julho, lança a minissérie "Morte", dois títulos Vertigo. A Abril, que tinha abandonado a linha de "quadrinhos adultos", quer lançar um gibi mensal com personagens do selo (ainda não definidos) no próximo semestre. Vertigo é o que sobrou do conceito de "quadrinhos adultos" nos EUA – fora claro, as pequenas editoras independentes. Nos 15 meses de sua existência, finalmente separada da linha de super-heróis da DC, Vertigo virou o mercado pelo avesso. Em primeiro lugar, tornou oficial a invasão de autores britânicos nos EUA. Abriu, também, as portas para gente do underground, rompendo com o padrão do desenho de super-herói musculoso das grandes companhias. Apostou em escritores, enquanto o mercado consagrava desenhistas – o sucesso da editora Image, por exemplo, foi construído sobre a fama dos artistas Todd McFarlane e Jim Lee, tratados pelos fãs como estrelas de rock. Publicou defesas apaixonadas da loucura, do homossexualismo, das pervesões sexuais, das viagens químicas, do aborto, da ecologia e do caos. Há duas grandes tendências Vertigo: a fantasia de terror e os super-heróis neuróticos. Os temas foram introduzidos na DC ainda nos anos 80 no gibi "Monstro do Pântano" ("Swamp Thing") e na minissérie "Watchmen", ambos escritos pelo inglês Alan Moore. As histórias de Moore tinham tudo o que o Código de Ética, criado nos anos 50 para manter os gibis infantis censurava. A DC conseguiu publicar "Monstro do Pântano" sem o selo de aprovação do Código de Ética. O selinho nunca mais voltou à capa da revista. Karen Berger era a editora de "Monstro do Pântano". Prestigiada passou a cuidar de novos títulos desaprovados pelo Código, que hoje são o coração do Vertigo. "Sandman" é o atual carro-chefe do selo, tanto que Berger tem conseguido adiar o final da revista, planejado pelo escritor inglês Neil Gaiman para breve. Gaiman já escreveu o último número de "Sandman", mas seus personagens devem aparecer em novas minisséries e num projeto chamado "The Dreamming", coordenado pelo escritor. A primeira minissérie publicada foi uma derivação do gibi "Morte" ("Death: The High Price of Living") nos EUA. A publicação de "Sandman" e "Morte" no Brasil tem tiragens limitadas. A Globo fechou com a distribuidora Devir um acordo que garante exclusividade para lojas e bancas especializadas. A experiência, que impediu o cancelamento de "Sandman" no país, tem cinco meses de êxito. Texto Anterior: Cinemateca comemora centenário de Renoir Próximo Texto: Novas séries são dominadas por britânicos Índice |
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