São Paulo, terça-feira, 3 de maio de 1994 |
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A convenção do PT
MARCELO BERABA SÃO PAULO – Foi boa para o PT a imagem que ficou da convenção que oficializou, neste fim-de-semana, a candidatura de Luiz Inacio Lula da Silva.O grande problema para Lula seria a caracterização pública de que ele é refém dos grupos considerados radicais que detêm parcela do poder interno no partido. A principal vitória atribuída a Lula e aos que o apóiam dentro do PT foi a de ter conseguido alguma moderação no programa de governo. A aprovação da proposta de suspensão do pagamento da dívida externa teria um efeito eleitoral negativo. Assim como a defesa do aborto e do casamento de homossexuais seria um desastre para a aliança com as igrejas. O arranjo conseguido em Brasília acomoda momentaneamente as divergências e conflitos internos. Aparentemente, o partido sai unido para a campanha eleitoral. Resta saber como se comportarão a partir de agora, com a campanha na rua e a perspectiva concreta de vitória, as forças à esquerda de Lula que defendem propostas realmente radicais até para o padrão médio do PT. Uma das conclusões recentes da avaliação que o PT faz da campanha derrotada de 89 é a de que o partido errou então ao não cercar seu candidato, principalmente no segundo turno, de profissionais. Era de se esperar, portanto, que a formação da coordenação da atual campanha atendesse a critérios profissionais. Não no sentido da aplicação criminosa do marketing publicitário na política, mas substituindo o amadorismo e o "ideologismo". A arrumação feita na coordenação da campanha mostra o fracionamento interno e aponta para problemas sérios que não demorarão a estourar. A convenção deixou claro, mais uma vez, que existem dois PTs quase distintos. Há o PT público –formado principalmente por seus parlamentares– que tem expressão política e social, mas que manda pouco internamente. E há o PT burocrático, invisível e desconhecido para o grande público que este partido pretende governar, que manda realmente no partido. Texto Anterior: Inflação espiral Próximo Texto: O drama de Fernando Henrique Índice |
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