São Paulo, quinta-feira, 5 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ricupero promete que real não vai provocar recessão

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, prometeu ontem a empresário que não haverá queda da atividade econômica e desemprego com as medidas de controle do consumo, a serem adotadas após a criação do real.
A garantia de que não haverá recessão foi dada pelo ministro em almoço com as principais lideranças dos setores financeiro, industrial, comercial e agrícola, na sede da CNC (Confederação Nacional do Comércio), em Brasília.
"Queremos manter a economia crescendo como hoje, mas sem aumentos exagerados na demanda (consumo)", disse.
"Há notícias terroristas, de que vamos segurar a economia, congelar o crédito. Nada está mais longe do nosso pensamento". Disse que os juros serão altos para incentivar as aplicações financeiras.
A Fazenda estuda alternativas, como o controle do crédito e a elevação dos juros, para evitar que o consumo pressione os preços. Com a queda esperada da inflação, as pessoas tendem a gastar mais.
O governo quer evitar o erro cometido no Plano Cruzado, implantado em 1986 para acabar com a inflação. Naquele período, o consumo cresceu a ponto de elevar os preços e gerar desabastecimento.
Aos empresários, que disseram ao ministro temer a recessão em virtude das medidas após o real, Ricupero afirmou não acreditar em um aumento geral do consumo mesmo com o controle da inflação.
Ele disse que o governo acompanhará a evolução das vendas no comércio desde já, para fazer um "mapa" dos setores com maior risco de crescimento "exagerado" do consumo. Essas faixas do mercado serão controladas.
Para Ricupero, a situação da economia hoje é muito diferente da existente no Cruzado. "A indústria não trabalha em plena capacidade, como antes, e temos uma safra agrícola recorde".
Em seu discurso, Ricupero abordou temas do agrado dos empresários. Garantiu que vai se empenhar na continuidade da revisão constitucional, defendeu a redução de impostos para exportadores e dos encargos sociais nas folhas de pagamento.

Texto Anterior: Congresso vai avaliar limitação das emendas
Próximo Texto: Bancos se preparam para contestar expurgo da inflação
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.