São Paulo, quinta-feira, 5 de maio de 1994
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Apuração sofre sabotagem na África do Sul

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A África do Sul ficou ontem sem novos resultados das eleições depois de uma acusação de fraude e a sabotagem do computador que centraliza a apuração dos votos.
O Congresso Nacional Africano, do líder negro Nelson Mandela, acusou o partido zulu Inkatha de fraude na província de Natal. A província tem maioria zulu. O Inkatha obteve, segundo os últimos resultados, divulgados anteontem, 55% dos votos contra 35% do CNA em Natal.
Nacionalmente, o CNA tinha 62,5% dos 53% de votos apurados. Em segundo vinha o Partido Nacional, do presidente Frederik de Klerk, com 22,1%. O Inkatha tinha 8,3% e a Frente da Liberdade, dos separatistas brancos, 2,8%.
A Comissão Eleitoral Independente, que monitora as primeiras eleições multirraciais do país, refutou a acusação de fraude. "Não surgiu nenhuma evidência de que fraude em larga escala tenha ocorrido na província", disse relatório da comissão.
Johann Kriegler, diretor da comissão, anunciou a descoberta de um sabotagem no computador que centraliza a contagem dos votos no país. Segundo ele, dados falsos foram colocados no sistema mas não modificaram significativamente os resultados já divulgados.
Kriegler disse que dois partidos foram afetados pela sabotagem mas não revelou quais.
A divulgação constante de resultados havia sido suspensa anteontem para apressar a apuração. Um boletim havia sido prometido para a manhã de ontem mas as denúncias impediram sua divulgação.
Embora a contagem de votos esteja atrasada, foi confirmada a posse de Mandela como primeiro presidente negro do país na terça-feira. Na véspera, o novo Parlamento se reúne e elege formalmente Mandela.
No Cabo Ocidental, única província em que o partido de De Klerk venceu, uma grande quantidade de cédulas em branco foi devolvida à comissão. Antes, ela havia sido forçada a imprimir mais cédulas para Port Elizabeth devido a uma aparente escassez.
"Tanto quanto eu posso dizer, algo muito estranho está acontecendo aqui", disse Christo van Vuuren, da Comissão Eleitoral Independente sobre o caso.

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