São Paulo, quinta-feira, 5 de maio de 1994
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A perda de Senna; Bancada evangélica; Revisão na TV; A CNBB e a Aids

A perda de Senna
"A chegada do corpo de Ayrton Senna ao Brasil foi marcada com muita emoção pelos brasileiros ali presentes. Não houve nenhum indício de tumulto, como havia sido previsto; pelo contrário, a dor da perda foi sentida por todos. O silêncio chegava até a incomodar. Na hora da saída do cortejo, houve muitas declarações de amor ao piloto. Festa e tristeza se misturavam no rosto de todos. Algumas lágrimas expressaram o que todos sentíamos naquele momento: saudades, muitas saudades..."
Daniela Aparecida Constantino (Guarulhos, SP)

"O circo da Fórmula 1 nada mais é do que a versão atualizada do circo romano, onde os cristãos eram jogados aos leões."
Gilberto A. Giusepone (São Paulo, SP)

"No dia em que os meios de comunicação, o governo e o povo brasileiro demonstrarem a comoção observada em relação ao falecimento do piloto Ayrton Senna também quanto aos heróis anônimos que, na corrida desenfreada pela sobrevivência, acabam voando de um andaime sem segurança ao encontro da morte, estarei convencido de que o Brasil é realmente um país que se preocupa com os seus filhos."
Gley P. Costa (Porto Alegre, RS)

"A morte de Senna nos relembra a fragilidade da vida. Irreversível, que ela agora inspire a defesa da pessoa no embate diário de aço contra corpos nas ruas e estradas brasileiras. Quem patrocinou o piloto não pode patrocinar o resgate da solidariedade perdida por nós, que dirigimos como vivemos?"
Carlos A. Idoeta (São Paulo, SP)

"O artigo do sr. Marcelo Coelho na Ilustrada de ontem, ao querer ser `diferente' do resto do mundo, chegou às mãos dos brasileiros como mais um sapo que temos que engolir: então, meu sr., o brasileiro só gosta de tragédia? Toda a comoção mundial que estamos vendo é chorar pela própria desgraça? `Pois há sede de tragédias no Brasil' (sic). O Brasil não precisa de tragédias desta grandeza, pois a própria condição econômica e tecnológica do Brasil já é de indigência diante de outras nações. O que todos choramos é a certeza de termos perdido `o' brasileiro que nos dava a alegria de vencer."
Carmen Rita Alcaraz Orta Dieguez (São Carlos, SP)

"Nota dez para Janio de Freitas por sua sensibilidade no artigo `O defeito que matou Senna'. De uma forma delicada, educada e não menos contundente, ele afirma que o grande responsável pela morte de Senna foi seu desespero obsessivo de ser o número um. Para mim, duplamente mais deprimente que a morte de Senna, é o circo de emoção criado pela mídia em torno de sua morte e a reação das pessoas, muitas delas dizendo que `choraram mais com a morte de Senna do que com a de um parente próximo'."
Marcelo Masagão (São Paulo, SP)

"Vida longa para Janio de Freitas (`O defeito que matou Senna'), que mais uma vez nos ajuda a enxergar além da mídia."
Erazê Martinho (Jundiaí, SP)

"Janio de Freitas sempre teve minha admiração por escrever artigos corajosos e imparciais. Mas ao escrever sobre Senna, foi fundo demais. Acredito que todas as pessoas procuram, de alguma forma, alcançar o sucesso, mas não passando por cima de tudo e de todos. Além do mais, quantos brasileiros, desde a descoberta do Brasil, conseguiram chegar tão alto e deram tantas alegrias a essa gente sofrida como o nosso querido Senna?"
Fernando Moreno (Uberaba, MG)

"Parece mentira! É tudo falso! Não existiu um grande país pobre, onde, às vezes, um menino sonhador fazia com que os domingos fossem dias de um sorriso fugaz no rosto das pessoas. Dias de um pouco de alento em meio a todas as tristezas, angústias, misérias e mazelas. É tudo falso! Parece mentira! O 1º de maio ficou com gosto e cara de 1º de abril. É difícil acreditar que Imola imolou quem personificava o pouco de orgulho e felicidade de um povo tão sofrido."
Waldir Gomes Junior e Thiago Rodrigues Rego Gomes (São Paulo, SP)

"A homenagem prestada no Ibirapuera a Ayrton Senna chegou aos céus, onde ele está, através da mais bela voz do país. Milton Nascimento cantou para o amigo, não dele, nem de ninguém em particular, mas, acima de tudo, do Brasil. Ayrton nos deixa a esperança de que, um dia, seremos um país vencedor como ele. Senna ficará guardado para sempre dentro de nossos corações. `Qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar. Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar'."
Fábio Luiz da Silva (São Paulo, SP)

Bancada evangélica
"Sobre a assim chamada `bancada evangélica': como membro da Igreja Metodista, sei que esta nunca passou carta de representação a quaisquer membros do Congresso Nacional, muito menos a esse grupo. Até onde eu sei, nenhuma das igrejas que compõem o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs ou a Associação Evangélica Brasileira referenda tal bancada como sua representante. Ao contrário, ambas as organizações condenam as ações indignas desses que deveriam representar os interesses de toda a população brasileira."
James William Goodwin Jr., pastor da Igreja Metodista (Belo Horizonte, MG)

Revisão na TV
"Todas as noites, antes da novela das oito (que já passou para as oito e meia), a TV vem com o tal `Diário da Revisão'. Assim, antes da novela das oito (e 35) podemos ver, em cuidadosa produção, um resumo do que seria o `trabalho' da revisão. Na verdade, até onde pude observar, esse `Diário' se resume a palavrório, aparentemente destinado a promover os srs. deputados. Está aí a revisão inacabada, ou melhor, não iniciada, para quem quiser ver (ou não). Já que a novela da revisão está péssima, será que posso assistir minha novela das oito, mesmo que seja às oito e meia da noite? Afinal, `Fera Ferida' é bem melhor do que `Pátria Falida'."
Paulo Gottschalk (São Paulo, SP)

A CNBB e a Aids
"Foi realizada recentemente mais uma reunião da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e, no decurso dela, como não poderia deixar de acontecer, a Aids constituiu um dos assuntos abordados. Louvo e endosso o pronunciamento decorrente desse evento, relativo ao relacionamento sexual, que obrigatoriamente deve ser responsável e calcado no amor, no romantismo e na procriação, sendo condenável a libertinagem vigente. Concordo ainda com a crítica às campanhas complacentes que têm base só no uso da camisinha, sem considerar os insucessos detectados em alguns países. É pena que a CNBB tenha escamoteado a análise do celibato de padres e o problema do adoecimento de sacerdotes, quase sempre derivado de prática homossexual. Impõe-se enfrentar essas circunstâncias com mais coragem."
Vicente Amato Neto (São Paulo, SP)

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