São Paulo, sexta-feira, 6 de maio de 1994
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Mário Quintana morre em Porto Alegre aos 87

Rio Grande do Sul decreta luto oficial de três dias

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O poeta Mário Quintana, 87, morreu às 17h20 de ontem no hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre (RS). Solteiro, ele não deixa filhos.
O velório estava marcado para as 21h de ontem na Assembléia Legislativa do Estado. Até o início da noite, não havia definição sobre o enterro. O governador Alceu Colares (PDT) decretou luto oficial de três dias no Estado.
Quintana foi hospitalizado na sexta-feira passada por causa de uma infecção intestinal. Ele teve uma pneumonia e, no domingo, foi transferido para o CTI (Centro de Tratamento Intensivo).
Foi acometido por insuficiência respiratória na terça e insuficiência cardíaca na quarta. Ontem, passou a sofrer de insuficiência renal.
Boletim divulgado na tarde de ontem pelo médico Airton Galarça da Silva, que o tratava há cerca de dez anos, afirmava que Quintana não estava reagindo ao tratamento.
O estado infeccioso permanecia, apesar do uso múltiplo de antibióticos. Helena Quintana, sobrinha do poeta e a parente mais ligada a ele, disse que o autor sonhava viver até os 94 anos para assistir a entrada do século 21.
"Tomaríamos um porre para comemorar", afirmava Helena, terça-feira passada, na sala de espera do CTI. Naquele dia, o poeta chegou a pedir, por meio de um bilhete, café, sua bebida preferida.
Quintana, nascido em 30 de julho de 1906, em Alegrete (487 km a oeste de Porto Alegre), foi fumante inveterado dos 14 aos 82 anos. Ele largou o vício no final dos anos 80. Voltou a fumar um cigarro, "por raiva", quando Fernando Collor foi eleito presidente.
Em função de sua saúde debilitada, o poeta não saía há anos de sua última residência, um apartamento do Porto Alegre Residence Hotel, na zona central da cidade.
O ex-presidente José Sarney, integrante da Academia Brasileira de Letras, disse ontem em Porto Alegre que sentiu "grande comção"'pela morte de Mario Quintana.
Sarney disse que Quintana foi uma das "expressões maiores da inteligência brasileira em todos os tempos".
Segundo Sarney, Quintana foi "um dos maiores líricos da língua portuguesa. Não pertencia somente ao Rio Grande do Sul, mas à história da literatura brasileira".

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