São Paulo, sexta-feira, 6 de maio de 1994
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Chega ao fim

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Emerson Fittipaldi não aguenta e chora no ombro da mulher. Antônio Ermírio de Morais, num canto, também chora. Frank Williams chora. Xuxa, no cemitério, chora. Até Fábio Jr. As imagens foram aparecendo na Globo, na Manchete, no SBT. Na Record, os dois apresentadores, homem e mulher, também choram.
Foi o último dia. "Chega ao fim um dos períodos mais tristes da história de São Paulo", disse o SP Já. Triste em São Paulo e na televisão. Foi uma semana de lágrimas, de massacre emocional, em que não faltaram os exageros, em que não faltou sequer o melodrama empostado de Glória Maria.
Mas que, já ontem, apontava algo além da tristeza. Como na nova orquestração, verdadeiramente épica, para a música de vitória das transmissões da Rede Globo. Uma imagem épica, muito mais do que triste, que se repetiu quando os vários campeões de automobilismo levaram o caixão do piloto.
Uma última imagem, mais até do que épica, já de alegria, foi a do gol de Viola, depois, na Bandeirantes. O centroavante comemorou, sorrindo, com a bandeira de Ayrton Senna. Que já era uma lembrança feliz.
Passou a tristeza pelo fim de Dener, vai passando a tristeza pelo fim de Ayrton Senna, mas já aparece na televisão, sem dar sequer um dia de calma e paz, o sequestro do pai de Romário. "Sequestradores pedem sete milhões de dólares para libertar o pai de Romário", segundo a manchete do TJ Brasil.
Como aconteceu com Dener e principalmente com Senna, também o sequestro foi parar na rede mundial CNN. O Brasil está de dar pena ao mundo.
Salvem o Rio
Começou a ser apresentada uma nova propaganda para calar a boca de quem não quer admitir o caos no Rio de Janeiro –onde, aliás, foi sequestrado o pai de Romário. Mostrada ontem na Manchete e na Bandeirantes, começa com um cartão postal do Pão de Açúcar, ao som alto e alegre de uma bateria de escola de samba.
Os tiros de uma metralhadora abafam o samba e destroem a imagem, que é substituída por uma outra, do Cristo Redentor, acompanhada de uma frase que apela: "Salvem o Rio, pelo amor de Deus." A propaganda é assinada pelo Centro Brasileiro da Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente.

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