São Paulo, sexta-feira, 6 de maio de 1994
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Pilotos vão se reunir para exigir segurança

EMANUEL NERI; DANIEL CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

A morte do piloto brasileiro Ayrton Senna deverá contribuir para que os pilotos de Fórmula-1 recriem sua associação.
O objetivo da entidade é exigir maior segurança dos carros e dos circuitos da categoria mais importante do automobilismo.
A primeira atitude para a criação dessa entidade foi tomada pelos pilotos que vieram a São Paulo para acompanhar o enterro de Ayrton Senna.
Eles se reuniram e decidiram voltar a se encontrar em Mônaco, na próxima semana, quando será disputada a quarta etapa da temporada.
Os brasileiros Rubens Barrichello (Jordan) e Christian Fittipaldi (Arrows) confirmaram os entendimentos para a criação da associação. Oito pilotos de Fórmula 1 estiveram em São Paulo para os funerais de Senna.
O piloto de F-Indy Emerson Fittipaldi disse que, em 1970, quando começou a correr na F-1, havia mais preocupação dos pilotos com as medidas de segurança.
Para ele, a morte de Senna levará os pilotos a serem "mais críticos" com a organização da F-1.
A partir de agora, segundo Émerson, todas as competições automobilísticas devem rever suas normas de segurança.
Para ele, os carros de Fórmula 1 são "muito leves" para a velocidade em que andam. O acidente de Senna ocorreu a quase 300 km/h. Um F-1 pesa cerca de 560 kg (um Uno pesa 750 kg).
Fittipaldi disse que os carros da Fórmula Indy são mais seguros. Ele não gostou da pergunta de um repórter de uma TV chilena sobre a versão, que circulou na Itália, de que Senna havia tomado entorpecentes antes do acidente.
"Isso é uma brincadeira", disse Fittipaldi. Diante da insistência do repórter, o piloto respondeu: "Vá falar isso no seu país. Isso é uma ofensa à memória do Senna".
Fittipaldi afirmou que a "tragédia" que provocou a morte de Senna vai contribuir para mudanças radicais no esquema de segurança da F-1. "A tragédia acordou muita gente que estava dormindo", disse.
Rubens Barrichello afirmou que os pilotos vão aproveitar o Grande Prêmio de Mônaco, para prestar uma homenagem a Senna. Ele informou que disputará a prova com o "S" de Senna pintado em seu capacete.
O piloto Raul Boesel, que também corre na F-Indy, afirmou que a morte de Senna provocará mudanças nas provas de automobilismo. "Essa foi uma lição de vida. Foi triste, mas vai marcar mudanças em todos nós", declarou.
(Emanuel Neri e Daniel Castro)

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