São Paulo, sexta-feira, 6 de maio de 1994
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Troca diária de preços desestimula a urvização

DA REPORTAGEM LOCAL

A portaria baixada ontem pelo governo começa a eliminar um transtorno para os lojistas que utilizavam a URV para as mercadorias, que eram obrigados a fixar também os preços em cruzeiros reais diariamente.
A experiência de fixar os dois preços chegou a ser tentada também pela loja Sísano, no Shopping Eldorado.
Trabalhando com cerca de 50 produtos em sua vitrine, diariamente os valores em cruzeiros reais eram trocados.
Optou então por continuar trabalhando com a URV, porém passou a transformar os valores para cruzeiros reais semanalmente.
Segundo a gerente Sandra Regina Frigatto, os preços nas vitrines são trocados agora apenas na segunda-feira.
Além do inconveniente da troca diária, Sandra afirma que o consumidor ainda não está preparado para conviver com as alterações diárias de preços em cruzeiros reais.
Já com relação a URV, ela acredita na estabilidade dos valores.
Segundo Sandra, os fornecedores que já fixaram os preços em URV têm mantido suas tabelas, o que deve se refletir também com as lojas na hora da venda ao consumidor final.
Mas teve quem ignorasse a determinação. Um deles é João Lellis, dono da Cantina do Lellis, que converteu o cardápio em URV há um mês e meio. "Era impossível mudar o cardápio todo dia".
Ao adotar a URV, Lellis fez o cálculo levando em conta a média de preços praticada nos últimos três meses antes da conversão.
"No início os clientes não gostaram muito, mas depois se acostumaram", diz Lellis, que administra os restaurantes das ruas Bela Cintra e Peixoto Gomide (Jardins) e se prepara para inaugurar um terceiro, na alameda Campinas (Jardins).
A cantina Lellis da rua Abílio Soares (Paraíso) opera pelo sistema de franquia. Segundo João Lellis, lá a URV não emplacou. "Os clientes reclamaram e o franqueado mudou o cardápio, voltando a cruzeiros reais", afirmou Lellis.
Cada restaurante atende por dia entre 500 e 600 pessoas.

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