São Paulo, sexta-feira, 6 de maio de 1994
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Vendas a prazo aumentam com a URV

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

O crediário em URV aumentou de 30% para 35% a participação das vendas a prazo no total do faturamento do comércio. Os 30% sobreviviam desde 1979.
Segundo a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FCESP), as vendas a prazo cresceram em um mês, de fevereiro para março, depois da introdução da URV no crediário.
Esse tipo de financiamento deu fôlego inesperado aos negócios em março. A previsão da FCESP era de fechar o mês com alta de 10% no faturamento sobre fevereiro.
O mês registrou crescimento de 18,3% em relação ao anterior. Os dados de abril não estão fechados.
"Parte desse aumento ocorreu por causa do crediário em URV", diz Vladimir Furtado de Brito, assessor econômico da FCESP.
Por isso, uma possível redução no número de prestações indexadas à URV para conter o consumo já tira o sono dos comerciantes.
"Se o prazo do crediário for encurtado, vai afetar o comércio", diz Sérgio Giorgetti, diretor do Ponto Frio. O crediário em URV representa "parcela significativa das vendas" de eletromésticos e eletroeletrônicos nas lojas da rede.
No Mappin, as vendas financiadas aumentaram 10% desde a segunda quinzena de março, com o crediário em URV, informa Sérgio Orciuolo, diretor de comunicações e promoções. Esse crediário mais longo trouxe de volta às compras a população de baixa renda.
Com a alta da inflação e das taxas de juros e o encurtamento dos prazos do crediário nos últimos anos, essa camada foi excluída do consumo de bens duráveis, explica Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial.
O crediário em URV tem desafiado a manutenção das altas taxas de juros para esfriar o consumo.
O juro prefixado tem oscilado entre 52% e 54% ao mês. O pós-fixado, varia entre 4% e 7% ao mês, acrescida da variação da Taxa Refencial (TR) ou da URV.
"A subida nas taxas de juros não atrapalhou as vendas financiadas", na opinião de Michel Klein, diretor da Casas Bahia.
Para ele, o crediário em URV já representa dois terços de seus negócios e incentiva vendas a prazo.
Motivo: é mais importante para o cliente a prestação em URV caber dentro do orçamento do que o tamanho da taxa de juros.
A possível redução na parcela financiada na compra com cartão de crédito (hoje de 75%) não deve afetar o setor, diz Márcio Santos Souza, vice-presidente da Abecs, que reúne as administradoras.
Desde a segunda quinzena de março, quando o cartão passou a ser indexadado à URV, o faturamento recuou 20%. Em compensação, o número de empresas credenciadas aumentou 10%.
Rogério Bonfiglioli, vice-presidente da Acrefi, que reúne empresas de crédito e financiamento, diz que é "improvável" que o governo restrinja o crédito.
Com o real, o consumidor poderá direcionar parte da renda para consumo. Mas, segundo ele, será para compra à vista.

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