São Paulo, sexta-feira, 6 de maio de 1994
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O computador

SILVIO LANCELLOTTI

SÍLVIO LANCELLOTTI
Os computadores já decidiram, várias vezes, o ganhador de uma Copa. O meu enorme orgulho exibe, numa das paredes de minha casa, uma prova de uma página da revista "Placar", de 1970, assinada pelo inimitável Henfil. No caso, Henfil ironiza um aparelho soviético que, equivocadamente programado, previu o fracasso do Brasil no México. Quando um dos personagens de Henfil introduz a ficha com o verdadeiro currículo das "Feras do Saldanha", o equipamento se autodestrói.
Pois o jornal "La Gazzetta dello Sport" decidiu fazer um Mundial de brincadeira apenas baseado no passado dos países que irão aos EUA. Como parâmetro, adotou o limite dos dez últimos confrontos entre as várias seleções. Cada vitória valeria um gol marcado. Cada derrota, um tento sofrido. Os empates foram ignorados. Eu exemplifico com o grupo do Brasil. No passado, o Brasil ganhou cinco vezes da Suécia e perdeu três: um resultado de 5 x 3 no Mundial da "Gazzetta". Da mesma forma, o Brasil superou a Rússia 3 x 2. E ficou no 0 x 0 contra Camarões, com quem jamais jogou antes. Consequência: sete pontos positivos. No segundo lugar, ficou a Suécia, com quatro pontos.
Na chave A se classificariam às oitavas-de-final a Suíça (seis pontos), a Colômbia (quatro) e a Romênia (quatro). Na chave C, a Alemanha (cinco), a Espanha (quatro) e a Bolívia (três). Na chave D, a Argentina (cinco) e a Bulgária (quatro). Na chave E, a Itália (nove), a República da Irlanda (quatro) e o México (quatro). Na chave F, a Holanda (cinco), o Marrocos (três) e a Arábia (três).
Estabelecidos os cruzamentos das oitavas, segundo a "Gazzetta" sobreviveriam a Suécia (sobre o Marrocos), a Suíça (Bolívia), a Holanda (Irlanda), o Brasil (2 x 0 na Romênia), o México (Argentina), a Espanha (Colômbia), a Alemanha (Arábia) e a Itália (Bulgária). Depois nas quartas-de-final, deverão restar a Suécia (contra a Suíça), o Brasil (2 x 2 diante da Holanda no tempo normal, 6 x 4 nos pênaltis), a Espanha (México) e a Itália (Alemanha, 10 x 9).
Nas semifinais, o Brasil bateria a Suécia, 5 x 2, a Itália se livraria da Espanha, 4 x 3. Pela medalha de bronze, a Espanha venceria a Suécia, 3 x 2. Pelo outro, aconteceria um resultado estratosférico e sensacional, 5 x 5 no tempo normal e 16 x 16 nos pênaltis. A "Gazzetta", porém, humildemente adjudicou o título ao Brasil. Por causa de Pelé e de Mané.

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