São Paulo, sexta-feira, 6 de maio de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Tucano cai, estrela sobe
CLÓVIS ROSSI SÃO PAULO – A pesquisa do Datafolha que este jornal publica hoje é devastadora para a candidatura Fernando Henrique Cardoso. O ex-ministro desabou nas intenções de voto, justamente no momento em que terminava o confuso processo de coligação com o PFL.Pior ainda: dissolve-se nesta pesquisa a perspectiva de uma bipolarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique (PSDB/PFL/PTB), desenhada muito claramente na pesquisa anterior. Se o candidato do PMDB for o ex-presidente José Sarney, haverá uma disputa voto a voto entre ele e FHC, ao menos de acordo com os números hoje disponíveis. Esse dado torna-se ainda mais relevante quando se considera a tendência de uma fatia importante do eleitorado de apostar em candidatos com reais chances de vitória. Se ficasse claro que apenas Lula ou FHC poderia ser eleito, o natural é que eleitores em potencial dos outros candidatos migrassem rapidamente para o petista ou o tucano (ou ambos), acentuando ainda mais a bipolarização. Agora, Sarney tem, no mínimo, a perspectiva de chegar ao segundo turno, contra Lula, o que atrairá alguns eleitores indecisos ou inclinados a votar em candidatos menos favorecidos nas pesquisas. É claro que essa hipótese depende ainda de a prévia do PMDB entronizar Sarney e não Orestes Quércia. Seja como for, é evidente que a pesquisa só reforça as chances do ex-presidente na prévia. Ele tem o dobro das intenções de voto capturadas por Orestes Quércia e parece algo ilógico que o eleitorado interno do PMDB prefira um candidato com menos chances teóricas. De qualquer forma, a pesquisa desenha um cenário em que uma definição no primeiro turno já não é um delírio total. Lula ultrapassou a barreira dos 40%, ponto a partir do qual pode pensar em liquidar a fatura ainda no primeiro turno. Essa perspectiva tende a acentuar o desespero dos que rejeitam, liminarmente, a hipótese de ver Lula vestir a faixa presidencial. Toda a enorme coligação anti-Lula, que era fácil de se imaginar para o segundo turno, terá que ser feita agora, pois há a possibilidade de que o segundo turno acabe dispensado. Texto Anterior: O dote e o golpe do baú Próximo Texto: Senna: a glória e a morte Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |