São Paulo, sábado, 7 de maio de 1994
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Comissão do governo acusa Fiuza de mentir à Câmara

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CEI (Comissão Especial de Investigação) acusou ontem o deputado Ricardo Fiuza (PFL-PE) de mentir e distorcer documentos oficiais na defesa que apresentou à Câmara.
Fiuza foi inocentado pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça da Câmara) e agora vai ser julgado pelo plenário. Ele é acusado de envolvimento no escândalo do Orçamento.
A CEI foi criada este ano pelo presidente Itamar Franco com o objetivo de combater e tentar evitar a corrupção no governo.
A comissão apresenta suas medidas ao presidente, a quem cabe aceitá-las ou não.
O grupo é formado por juristas, militares, advogados e empresários e tem a coordenação de Romildo Canhim, ministro da Administração Federal.
Ontem, a CEI ouviu o depoimento do diretor comercial da CEF (Caixa Econômica Federal), José Lindoso de Albuquerque Filho.
Ele disse que Fiuza tomou empréstimos ilegais da Caixa, no valor de US$ 5 milhões, para a Agroindustrial Jaçanã –empresa que pertence ao deputado.
Segundo o diretor, Fiuza manipulou um documento da CEF para responder à Câmara que o empréstimo havia sido feito dentro da legalidade.
O documento foi entregue por Albuquerque Filho ao deputado. O texto do documento respondia a perguntas feitas por Fiuza.
Nota oficial da CEI diz que Fiuza usou o documento da CEF "de forma maliciosa e alterando a verdade dos fatos" em sua defesa.
A CEI vai entregar o depoimento do diretor da CEF e o documento original (não alterado) ao presidente da Câmara, Inocêncio Oliveira (PFL-PE), terça-feira.
Os membros da comissão querem que estes dados tenham influência na decisão da Câmara sobre o mandato de Fiuza.
Segundo Romildo Cahim, Fiuza selecionou apenas trechos do documento da CEF para fortalecer a defesa que apresentou à Câmara.
A CEI não liberou cópia do documento. Apenas informou que Fiuza usou em sua defesa trechos de um relatório preparado por José Lindoso de Albuquerque Filho.
Segundo Canhim, ele confirmou a posição da CEF de que a negociação dos empréstimos foi irregular e abriu "um precedente inédito e escandaloso".
A CPI acusou Fiuza de ter usado sua influência política para negociar os empréstimos para a Jaçanã em condições privilegiadas, sem pagar juros para a renegociação de débito vencidos e oferecendo garantias insuficientes.
A CEI apressou as investigações para informar à Câmara antes do julgamento da cassação pelo plenário.

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