São Paulo, sábado, 7 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Eleições, plano e Telebrás põem Bolsas na gangorra durante o dia

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bolsa de Valores de São Paulo apresentou ontem forte oscilação ao longo do dia. Chegou a registrar baixa de 8,0%, mas fechou em alta de 4,3%.
A Bolsa do Rio fechou apresentando valorização de 0,2%.
Os analistas justificaram a baixa como uma resposta do mercado à pesquisa Datafolha, que mostra queda da candidatura de FHC e alta da do petista.
Além da pesquisa, pesaram também as declarações de Luiz Inácio Lula da Silva em almoço, realizado na véspera no Rio. Lula fez muitas restrições à privatização e ao acordo da dívida.
A reação das cotações foi justificada pelo anúncio de que a data de entrada em vigor do real será divulgada segunda-feira.
Além disso, a Telebrás (ação que pesa 35% no índice Bovespa) divulgou um resultado considerado muito bom.
Mas o presidente da Bovespa, Álvaro Augusto Vidigal, diz que "não consegue entender exatamente as razões de tanta oscilação".
Vidigal definiu a reação como um ajuste técnico –"chega uma hora em que a ação fica barata". Ele não considera a alta como uma nova tendência e definiu o estado de ânimo do mercado: "Está deprimido".
O fato é que o mercado acionário saiu de uma acentuada trilha de alta em finais de fevereiro.
O movimento altista se acentava em dois pilares; 1) alta generalizada das Bolsas no mundo, impulsionadas por juros muito baixos no exterior; 2) internamente, expectativas positivas criadas em torno da revisão constitucional e da candidatura de FHC.
Mas o cenário se alterou profundamente. Os juros subiram no exterior e ainda não encontraram um ponto de equilíbrio.
A alta dos juros acabou provocando um movimento de repatriação de recursos. Os ingressos líquidos de capital no Brasil recuaram para US$ 1,5 bilhão, no primeiro trimestre, contra US$ 2,9 bilhões, no último trimestre do ano passado.
"Deixaram de entrar recursos estrangeiros e a bicicleta caiu", afirma Luiz Carlos Mendonça de Barros, do banco Matrix.
No plano interno, "a revisão engasgou e, até agora, nenhuma alternativa eleitoral ao PT se consolidou", afirma Oswaldo de Assis, diretor da corretora Convenção.
Ele definiu o atual cenário eleitoral, descrito pela pesquisa Datafolha, como "crítico".
Agora, "o mercado está operando sob impacto do quadro eleitoral", afirma Mendonça de Barros.
Mantido o atual cenário, a tendência das Bolsas segue baixista. Mas o pouco volume, acaba dando maior peso aos movimentos especulativos do dia-a-dia.
(JCO)

LEIA MAIS
sobre o mercado financeiro na página 2-6.

Texto Anterior: Campanha vai incentivar aplicação financeira
Próximo Texto: FHC se diz nervoso com demora do real
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.