São Paulo, sábado, 7 de maio de 1994
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Fracassa venda de Caraíba e Cobra

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Fracassou a tentativa do governo de fazer ontem um pacote de privatizações, vendendo na mesma tarde a Caraíba Mineração e a Cobra Computadores.
Apesar de haver interessados pré-identificados, na hora dos leilões nenhum lance foi feito.
O presidente da Comissão Diretora do programa de privatizção, André Franco Montoro Filho, disse que o fracasso dos leilões já era esperado, em razão dos problemas de endividamento das duas empresas.
Na próxima segunda-feira, a comissão se reúne no Rio para decidir futuro das duas empresas.
A oferta da Caraíba Mineração, iniciada às 14h, demorou quatro minutos. A Cobra demorou cinco.
Preço
Tanto no leilão da Cobra como no da Caraíba Mineração, o governo exigiu um pagamento mínimo de 10% do valor obtido em leilão em moeda corrente.
O preço mínimo da Caraíba fora fixado em 5,29 milhões de URVs (ou CR$ 7,6 bilhões) e da Cobra 8,69 milhões de URVs (equivalente a CR$ 12,5 bilhões, por 63,61% do capital).
O clima entre funcionários do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), gestor do programa de privatização, era de resignação.
Caraíba Mineração
A Caraíba Metais, única cliente e antiga dona da Caraíba Mineração, pretende fazer um acordo com os 801 empregados da mineradora. Por isso ela não foi ao leilão, conforme a Folha havia divulgado ontem.
O acordo pretendido pela Caraíba Metais é para obter facilidades na solução do passivo trabalhista superior a US$ 6 milhões da mineradora.
Em troca a compradora da mina investiria na busca de uma alternativa de trabalho para os mineiros a partir de 1998, quando o minério de cobre da Caraíba Mineração deverá se extinguir.
A Caraíba Mineração era apenas a mina de cobre da Caraíba Metais até 1988, quando esta última foi privatizada em separado, deixando a mina sobre controle da BNDESpar (BNDES Participações).
André Montoro disse que a Comissão dará um prazo para as partes negociarem, marcando novo leilão para daqui a 30 ou 40 dias.
Cobra
O caso da Cobra é mais complicado. Com a segunda tentativa de leilão fracasada (o primeiro foi em 8 de abril), ela poderá ser liquidada (extinta).
Outra opção é virar um departamento do Banco do Brasil, seu principal acionista e cliente.
Nos últimos anos, a estatal quase deixou de fabricar computadores para se tornar uma prestadora de serviços, basicamente para o próprio BB.
A Cobra deve US$ 10 milhões ao BB, e tem ainda um passivo trabalhista de US$ 4 milhões de dólares e um contencioso tributário (pendências jurídicas) superior a US$ 7 milhões de dólares.
A empresa tem 1.300 empregados, mas, de acordo com os consultores que fizeram sua avaliação, pode funcionar bem com apenas 470 funcionários.
Segundo Braz Magno Silva, representante dos empregados da Cobra, no processo de privatização, ele pretende propor ao governo o arrendamento da empresa.

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