São Paulo, sábado, 7 de maio de 1994
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Romário é submetido à sua provação

MATINAS SUZUKI
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, o Palmeiras está pertinho do seu terceiro grande título consecutivo. Está a um passo de ser bi-campeão paulista.
Ontem, contra o outrora carrossel caipira do Mogi Mirim, foi sucifiente jogar como um time memorável apenas no primeiro tempo.
Se der Palmeiras mesmo, eu digo é justo. Foi o melhor, o mais regular. E levará com brilho este título, arduamente conquistado em torneio de turno e returno.
Minha terra tem Palmeiras onde canta o periquito.
A força do destino parece submeter o homem Romário a uma provação.
O melhor jogador de futebol brasileiro depois da chamda "geração perdida" não conseguiu mostrar toda a sua habilidade na Copa de 90, na Itália.
Agora, quando, desde a Espanha, o seu futebol encanta o mundo, uma série de caprichos da roda da fortuna testam os limites do ser humano Romário.
Duas contusões tiraram ele de jogos recentes da seleção brasileira.
Romário se recuperou, voltou brilhantemente ao ataque do Barça no último fim-de-semana e, quando tudo parecia que caminhava muito bem, surge a desastrosa notícia do sequestro de seu pai.
Uma má notícia que pega Romário às vésperas dos momentos mais importantes da sua carreira, a saber:
A) O jogo decisivo do campeonato espanhol, hoje, contra o Real Madrid, na capital adversária (que a Bandeirantes, em ótimo serviço jornalístico, vai transmitir, às 15h15);
Romário pode ter o seu grande título em um dos três melhores campeonatos do mundo e, ainda por cima, estrear como ums dos maiores artilheiros da história daquele certame.
B) A decisão, em uma semana e meia, da Copa dos Campeões da Europa, contra o Milan, na partida que a imprensa européia chama –justa ou injustamente, não vem ao caso– de "jogo do século".
C) O início dos trabalhos para disputar, pela seleção brasileira, a Copa nos EUA. Sem dúvida, um período que exige, como o nome tradicional sugere, muita concentração psicológica.
Hoje poderemos avaliar qual será a capacidade de Romário para reagir em oposição ao fato negativo, dentro do campo.
Contatos que fiz ontem com Barcelona me informam que os jogadores do Barça estão dando muito apoio a Romário e que a imprensa, mesmo a madrilenha, está elogiando o seu esforço para jogar hoje.
Coincidentemente, na nossa conversa de um mês atrás, lá na Espanha, ele falou muito sobre os três temas:
Primeiro: havia uma cobrança de grandes títulos para a sua carreira, e ele estava prestes a consegui-los;
Segundo: uma das coisas que mais o atemorizavam no Brasil eram os sequestros;
Terceiro: a importância que o pai tem para ele, a ponto de encerrar sua carreira no América só para homenageá-lo.
Em toda lenda, todo herói passa por uma série de provações antes da conquista final. Será este o destino de Romário?
O SBT nos prestou um bom serviço na madrugada de ontem mostrando a vitória da Suécia, adversária do Brasil na primeira fase da Copa, sobre a Nigéria.
(Só discordo do Luiz Alfredo quando ele diz que a transmissão destes jogos dispensa o trabalho do "espião"; pela TV fica difícil ter uma visão clara do posicionamento tático das equipes).
O jogo serviu para confirmar aquilo que já se suspeitava: a seleção que reúne, neste momento, melhores condições técnicas e táticas para endurecer o jogo contra o Brasil é a esquadra sueca.
A Suécia –sem ser excepcional– tem um conjunto invejável, tem experiência, e alguma habilidade no ataque.

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