São Paulo, sábado, 7 de maio de 1994
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Derrota francesa no Vietnã faz 40 anos

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

O colonialismo francês no Vietnã teria sido mera comédia de erros se não tivesse acabado num banho tão grande de sangue.
Foram no mínimo 1.600 mortos franceses e 10.000 vietnamitas na batalha de Dien Bien Phu, vencida pela guerrilha há 40 anos.
A França, derrotada, retirou-se da península da Indochina e, oito anos depois, perderia a Argélia.
Franceses chegaram à região em 1883, como contrapeso à expansão britânica na Malásia, Birmânia (hoje Myanma) e Hong Kong.
A partir de 1848, uma sucessão de êxitos militares garantiria a incorporação do Vietnã.
Grupos nacionalistas criam em 1927 um partido nos moldes do Kuomitang chinês. Paris proíbe que seus líderes disputem eleições.
Em 1930, militares nacionalistas se amotinam na base de Yen Bai. São reprimidos e participam de uma revolta camponesa que termina com 10 mil mortos.
Cria-se um impasse. Os nacionalistas, pró-ocidentais, acabam se aproximando dos comunistas.
Com a 2ª Guerra Mundial, o Japão se apodera da Indochina. Em 1941, é fundado o Vietminh (Liga pela Independência do Vietnã).
Liderado por Ho Chi Minh, o grupo tem seu braço militar comandado por Vo Nguyen Giap, que organiza a guerrilha e implanta bolsões territoriais ao norte.
O Vietminh chega a ser auxiliado pelas tropas americanas do general Allison Thomas, porque, afinal, o Japão é o inimigo comum.
Terminada a guerra, em 1945, Ho Chi Minh proclama a independência. A França concorda, mas recua nove meses depois.
Começa o banho de sangue. Os franceses bombardeiam em 1946 o porto de Haiphong e matam 6.000 civis. Passados dois anos, o Vietminh mata 2.000 franceses em Cao Bang. O general Giap perderia outros 6.000 na batalha de Vinh Yen.
Russos e chineses dão auxílio material às tropas rebeldes e os EUA à França.
A derrota francesa leva ao acordo de Genebra de 1954, pelo qual, em 1956, eleições gerais permitiriam unificar o norte (comunista) e o sul (pró-Ocidente).
O acordo não é cumprido pelo dirigente sulista, Ngo Dinh Diem, aliado dos Estados Unidos.
Surgem as condições para uma segunda guerra na península, que só terminaria em 1975, depois de 1,3 milhões de novos cadáveres.

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