São Paulo, domingo, 8 de maio de 1994
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Empresário defende estatais

WILLIAM FRANÇA
DO ENVIADO ESPECIAL A GOIÂNIA

O candidato do PT ao governo de Goiás, Luiz Carvalho, defende a manutenção dos monopólios estatais sobre o petróleo, energia e comunicações.
Folha - Como é possível conciliar o fato de ser um petista histórico e empresário?
Luiz Carvalho - É uma coisa simples. Ser empresário e ser petista significa centrar sua vida nas pessoas. Não há conflito.
Acho até que todo pequeno e médio empresário tem que ser petista, se ele for empreendedor. Porque o PT é o único que tem uma política voltada para eles, que não privilegia apenas uma meia dúzia que se mantém há anos no poder.
Folha- O sr. é a favor das privatizações?
Carvalho- A privatização é necessária em vários setores. Mas hoje o quadro capitalista em que está inserido o Brasil exige que sejam mantidas algumas áreas nas mãos do governo, senão corre-se o risco até de soberania. Petróleo, energia elétrica e comunicações estão nessa lista.
Folha- O sr. não teme que o fato de ser rico acabe espantando a principal base eleitoral do PT, que são os trabalhadores?
Carvalho - O meu patrimônio foi conseguido na luta, no trabalho. São 35 anos de dedicação. Comecei com nada.
Folha - O sr. não teme ser sequestrado tendo um patrimônio de US$ 90 milhões?
Carvalho - Não, eu confio em Deus.
Folha- Os agropecuaristas apresentam grande resistência ao PT em Goiás?
Carvalho- Hoje não há resistências ao partido. A viagem que fiz com Lula mostrou que mesmo a região Norte do Estado, a mais tradicionalmente ligada à UDR, tem sido acessível. Reunimos mais de cinco mil produtores agrícolas nessa região. Isso seria impossível nas eleições passadas.
Folha - Ser empresário e ter terras vai fazer com que as pessoas tenham menos resistências à sua candidatura pelo PT?
Carvalho - Acho que conta pontos. Mas se a classe dirigente brasileira fosse inteligente e não tão egoísta, a redistribuição de renda já teria acontecido há muito tempo, e não precisaria haver qualquer receio.
Folha - Os grandes latifundiários têm que temer por sua eventual administração petista?
Carvalho - Não. Aqueles proprietários que têm terras produtivas não vão ser mexidos. É preciso que haja uma mudança na política agrária e na política agrícola.
Folha - O sr. implantou um programa japonês de controle de qualidade nas suas empresas. Faz parte dos seus planos transformar Goiás numa máquina administrativa?
Carvalho - A visão de empresário faz com que eu tenha o sentido de buscar um bom resultado. Alguns setores, especialmente os que lidam diretamente com a população, como água e energia elétrica, necessitam dessa busca da qualidade total.
Folha - Nas suas empresas, os funcionários têm participação nos lucros. O sr. acredita que eles votarão em seu nome?
Carvalho - Eu acredito que sim, mas tem que perguntar isso a eles. Mas tenho essa convicção porque mantemos uma relação muito próxima.
Folha - Quais são os pontos de sua proposta de governo?
Carvalho - Modernizar a agricultura, dando condições de o produtor industrializar seus produtos na própria região, para evitar intermediários. Alterar a legislação tributária para o setor agropecuário.
Erradicar de vez a febre aftosa de Goiás. Instaurar um processo de educação dando uma escola mais prazeirosa. Na questão de saúde, além da assistência médica cuidar do saneamento básico.

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