São Paulo, domingo, 8 de maio de 1994
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Piloto bateu e morreu na hora

DA REPORTAGEM LOCAL

Ayrton Senna morreu no dia 1º de maio, segundos depois de bater seu carro no muro da curva Tamburello, no circuito de Imola, durante o Grande Prêmio de San Marino de Fórmula 1.
O piloto havia largado na pole position. Era o terceiro GP da temporada. Senna liderava a corrida. Precisava ganhar. Estava sem marcar pontos este ano. Seu rival, Michael Schumaker, estava a 0s682.
A batida ocorreu quando ele iniciava a sétima volta. Às 14h12 locais (9h12 em Brasília) a Williams/Renault de Senna passou reto na curva onde Nélson Piquet também havia se acidentado em 1987 –coincidentemente, outro 1º de maio.
O piloto foi retirado do carro 1 minuto e 40 segundos depois do acidente. Seu coração não batia. A circulação sanguínea estava quase interrompida. Estava morto.
A equipe médica o socorreu como de praxe. Para reanimá-lo, retiraram a parte de cima de seu macacão. Abriram um corte de um centímetro no seu pescoço. Ali, introduziram um tubo para que o ar entrasse em seus pulmões.
O corpo do piloto chegou às 14h44 locais (9h44 em Brasília) no hospital Maggiore, de Bolonha, norte da Itália. Segundo o médico Giovanni Gordini, da unidade de reanimação, o coração de Senna batia com o auxílio de equipamentos.
Com o impacto no muro, Senna sofreu fraturas múltiplas na base do crânio, afundamento frontal, ruptura da artéria temporal e hemorragia no sistema respiratório.
A morte do piloto só poderia ser dada como certa depois de constatado o fim da atividade cerebral. Isso era impossível na pista. Apesar das lesões, havia a possibilidade remota de o cérebro ter resistido.
Em casos de acidente, é comum a equipe de salvamento fazer com que o coração da vítima volte a bater. No hospital Maggiore, um exame mostrou que o cérebro do piloto estava morto. Se o coração continuasse batendo, Senna vegetaria.
Ayrton Senna foi dado como morto oficialmente às 18h42 (13h42 em Brasília).
Se um piloto morre na pista, a prova tem que ser interrompida. Nos treinos de sábado, dia 30 de abril, havia morrido na pista o piloto austríaco Roland Ratzenberger. Na sexta-feira, Rubens Barrichello se acidentou e não pôde participar da prova.
Uma morte na pista, mesmo em treino, impede a realização do GP de Imola. As mortes instantâneas de Senna e de Ratzenberger só se confirmaram com o resultado da autópsia: na terça-feira, dia 3 de maio.
"Ele está morto. Mas nós só vamos anunciar isso quando ele chegar ao hospital", teria dito Bernie Ecclestone, presidente da Foca (Associação dos Construtores de F-1), a Leonardo Senna.
Ecclestone nega. Michael Schumacher venceu o GP de Imola. Lidera o campeonato de F-1 com 30 pontos.

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