São Paulo, domingo, 8 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Estudo revela 2 novas espécies de pau-brasil

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Pesquisadores do Jardim Botânico do Rio foram surpreendidos ao encontrar duas novas espécies de pau-brasil regiões da costa do Espírito Santo e sul da Bahia.
O grupo está fazendo estudos para levantar o que resta desse tipo de árvore no país. Até agora, apenas uma espécie está catalogada cientificamente no Brasil.
O pau-brasil está cada vez mais raro, devido à exploração da madeira e à especulação imobiliária na costa. Mas ainda é encontrada de Ilhabela (SP) à região de Cabo de Touros (RN).
O programa do Jardim Botânico visa subsidiar estudos e programas ambientais para a preservação e o replantio do pau-brasil.
A primeira fase do projeto faz parte do programa Mata Atlântica do Rio de Janeiro, financiado pela Shell (US$ 404 mil) e Fundação McArthur (US$ 126 mil).
Essa etapa mapeou cerca de 60 áreas verdes no litoral do Estado do Rio onde ainda existem árvores de pau-brasil.
Segundo o biólogo Haroldo de Lima, 39, idealizador do projeto, são "pequenas ilhas verdes", de 50 a 200 hectares (500 mil m2 a 2 km2). Elas se estendem de Pedra de Guaratiba, na cidade do Rio, aos arredores de Barra de São João, no litoral norte fluminense.
"São áreas de mata com poucos exemplares de pau-brasil, em geral brotos e indivíduos jovens." As poucas árvores de grande porte chegam a 18 metros de altura.
Na serra da Capoeira, em Pedra de Guaratiba, estima-se que, em cerca de 500 mil m2 de mata, há apenas de 15 a 20 exemplares.
Estudos genéticos das espécies estão sendo realizados, para definir graus de parentesco entre as espécies e desenvolver tecnologias para a produção de mudas.
Para ampliar os estudos, o Jardim Botânico recebeu US$ 10 mil de uma entidade internacional de proteção à vida selvagem. Agora, procura novos patrocinadores para concluir em dois anos o projeto.
Mesmo ainda sem patrocínio, já foram iniciadas as viagens de reconhecimento no litoral do Espírito Santo e do sul da Bahia.
Em Aracruz (ES) e Eunápolis (BA), Lima afirma terem sido encontrados duas espécies ainda não catalogadas cientificamente. As árvores adultas chegam a atingir 23 metros de altura.
Usados no passado como corante e, até hoje, na produção de arcos de violinos, cinco tipos de pau-brasil aparecem na literatura histórica do Brasil. Mas, segundo Lima, os cientistas até agora só haviam catalogado uma espécie, a Caesalpina echinata.

Texto Anterior: `Animais não são peteca', diz ambientalista
Próximo Texto: A visão de Édipo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.