São Paulo, segunda-feira, 9 de maio de 1994
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Lula diz que vai rever acordo da dívida

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

O candidato do Partido dos Trabalhadores à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem em Nova York que vai "renegociar a dívida externa" com os bancos credores privados internacionais fechada no dia 15 de abril passado.
"Vamos renegociar, rediscutir o acordo que foi acertado. Achamos que foi um acordo feito às pressas", disse Lula.
O candidato do PT chegou ontem a Nova York às 9h30 (10h30 em Brasília) para uma visita aos EUA que termina na quinta-feira à noite.
Sobre aplicações de investidores estrangeiros nas bolsas de valores do país, Lula disse que seu governo "tentará trabalhar para que eles não sejam investimentos de curto prazo, mas de longo prazo, para gerar empregos".
"A especulação não é boa nem com o capital estrangeiro nem com o capital brasileiro. Ela só gera renda para poucas pessoas".
O candidato do PT terá uma reunião hoje pela manhã com cerca de 60 representantes de bancos e corretoras internacionais para expor suas idéias econômicas.
Na quinta-feira reúne-se com outros 650 empresários interessados em conhecer os mesmos detalhes.
Lula não falou em nenhum momento em moratória (interrupção dos pagamentos) da dívida, mas suas declarações têm sido interpretadas por banqueiros americanos como um retrocesso.
Álvaro de Souza, responsável pelo planejamento mundial das operações do Citibank, afirma que "renegociar um acordo que está fechado equivale à contestação do acordo".
A renegociação fechada no último dia 15 de abril envolveu US$ 52,9 bilhões e demorou 11 anos para ser concluída. O Citibank liderou o processo de renegociação com os bancos credores.
Motivos de viagem
Lula afirmou que tem nos Estados Unidos apenas os votos dos poucos eleitores brasileiros que votam no país.
O candidato afirmou que veio aos EUA para "vender aquilo que o PT imagina para o Brasil. Não temos que ter nenhuma palavra para agradar nenhum segmento da economia americana. Temos que dizer qual o projeto para a economia do Brasil e dizer ao sistema financeiro internacional que gostaríamos que continuassem a investir dinheiro no país".
Plano FHC
Sobre o plano do ex-ministro da Fazenda e virtual candidato do PSDB à Presidência, Fernando Henrique Cardoso, Lula afirmou que "se o plano fosse duradouro, o Fernando Henrique não teria deixado o Ministério e teria ficado administrando o plano".

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