São Paulo, segunda-feira, 9 de maio de 1994
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Sequestro acaba em feijoada e churrasco

RONALDO FRANCA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Ao saber da libertação do marido, Edevair de Faria, a mãe do jogador Romário, Manoela Ladislau de Faria, 57, conhecida como dona Lita, disse ter lamentado o cancelamento da festa de seu aniversário, programada para ontem.
"Pena que acabei com a festa. Mas não tem importância, vamos deixar para outro dia", disse ela, que ontem completou 57 anos.
A comemoração foi transferida para o próximo domingo. Será uma feijoada com churrasco, em uma rua fechada somente para o evento, na favela do Jacarezinho, zona norte do Rio.
Dona Lita passou o domingo sob grande tensão, até receber a notícia da libertação do marido. Ao saber que ele estava livre, chorou. "A guerra acabou", afirmou.
Às 12hs, três horas antes de saber da libertação do marido, ela pediu que sua prima Maria de Lourdes Miranda falasse com a imprensa.
Miranda foi então ao portão do condomínio Bosque do Sabiá, em Jacarepaguá (zona oeste), onde moram os pais de Romário, levando uma carta redigida por Lita.
Na carta, a mãe de Romário apelava aos sequestradores para que libertassem o marido. Ela estava com esperança, segundo um amigo da família, que Edevair fosse libertado ontem mesmo.
No início da tarde, a mãe de Romário declarou por telefone a uma rádio que os sequestradores tinham feito três contatos.
Lita afirmou, sem dar detalhes, que esperava para ontem "o último contato, mas eles não fizeram". Uma hora depois, ela ficaria sabendo da libertação do marido por policiais.
Às 13h50, antes da libertação, o irmão de Romário, Ronaldo, chegou de carro na casa da mãe e não quis dar entrevista. Ele foi embora meia hora depois.
Na carta lida antes da libertação do marido, Lita afirmava que, se o sequestro continuasse, "dificilmente o povo brasileiro" teria a festa que tanto esperava na Copa.
Lita dizia que seu filho estava "muito abalado", e que ligava a todo momento da Espanha em busca de notícias do pai. Além disso, ontem foi Dia das Mães e o aniversário de Lita.
Em função disso, ela pedia na carta pública que os sequestradores pensassem em suas mães. Ela afirmou que estava orando a Deus para que tocasse o coração dos sequestradores.
(Ronaldo França)

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