São Paulo, segunda-feira, 9 de maio de 1994 |
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Capra opõe indivíduo e Estado
INÁCIO ARAUJO
Produção: EUA, 1939, 129 min. Direção: Frank Capra Canal: Globo, 1h15. "A Mulher Faz o Homem" expressa, do ponto de vista político, um ideário bem próximo ao neo-liberalismo atual. Não é diferente, nisso, das grandes comédias de Frank Capra nos anos 30. Enquanto o presidente Roosevelt punha em andamento uma política de intervenção estatal, dita "new deal", como forma de superar a Depressão iniciada em 1929, Capra se punha na trincheira oposta. Aqui, James Stewart faz um singelo escoteiro promovido a senador. Chegando em Washington, topa com uma baixaria não muito diferente da que rola em Brasília, hoje em dia. A imprensa, na pessoa de Jean Arthur, uma repórter cínica até o último fio de cabelo, tenta desmoralizar o senador, caracterizando-o como um caipira. A posição de Capra é clara: as instituições são corrompidas, mas o homem em si (o homem só, na verdade), não. Capra fala ao indivíduo e contra o Estado. Historicamente, Roosevelt venceu Capra, como se sabe. Mas a tocada de Capra supera claramente sua visão política. A sinceridade de seu apelo individualista e anti-intervencionista sobrevive à paixão que o gerou. Também hoje, a Globo exibe o inédito "A Máquina Mortífera 2". Em termos de sucesso, um peso pesado para combater a provável estréia de "Éramos Seis" no SBT. É o chamado "cinema espetáculo": chamas, cambalhotas, perigos, explosões a mais não poder. Bem feito, sem dúvida. Mas os personagens são dotados de uma inexistência exasperante, proporcional à impessoalidade com que o filme é levado. Texto Anterior: "Éramos Seis" estréia hoje no SBT Próximo Texto: Reação à morte de Senna obrigou TV a improvisar como nunca antes Índice |
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