São Paulo, quarta-feira, 11 de maio de 1994
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FHC deverá se licenciar do Senado

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O virtual candidato do PSDB à Presidência da República, Fernando Henrique Cardoso, deve se licenciar do mandato de senador logo após o término da revisão constitucional, previsto para 31 de maio.
Membros da cúpula tucana consideram cada vez mais difícil compatibilizar as viagens que o senador deve fazer com as responsabilidades parlamentares.
Eles citam o exemplo da última quarta-feira, quando FHC foi ao velório do piloto Ayrton Senna, em São Paulo, e não compareceu à votação do Congresso revisor que tratava da definição de empresa nacional.
A idéia da licença foi reforçada ontem, após o adiamento da votação no Congresso da MP (medida provisória) que cria a URV (Unidade Real de Valor). Ela deve ser votada hoje.
A MP não foi votada porque o PT argumentou que ela só poderia ser apreciada 24 horas após a publicação do projeto de conversão, aprovado na comissão especial.
Para a cúpula tucana, a estratégia imediata petista foi atrapalhar a viagem de FHC ao Ceará, prevista para hoje. Segundo membros da direção do partido, um acordo de lideranças poderia ter relevado este dispositivo regimental.
FHC visitaria as cidades de Juazeiro do Norte e Fortaleza. Ontem, ele telefonou para o presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), avisando mudança de planos.
FHC decidiu que, se a votação da MP ocorrer no início da noite, como está previsto, ele vai de manhã ao Ceará e volta a Brasília no começo da tarde para votar.
Se a sessão for transferida para a manhã, ele só viajará após o resultado da votação. Caso ela dure todo o dia, a viagem será cancelada.
Para as direções do PSDB, PFL e PTB, as viagens são consideradas vitais. Eles avaliam que as pesquisas eleitorais deste mês devem registrar uma estagnação ou até mesmo uma nova queda na porcentagem de votos de FHC.
Na pesquisa Datafolha publicada no último dia 6, FHC caiu de 21 para 16 pontos percentuais. Se, de um lado, houve o consenso na reunião de que o desgaste na imagem do virtual candidato deveu-se à demora na escolha do vice, também chegou-se à conclusão de que não deve haver precipitação.
Foi por isso que FHC cancelou seus planos de viajar nesta semana para Teresina (PI). O prefeito da capital, Wall Ferraz (PSDB), é contra a aliança com o PFL.
O presidente do PFL no Ceará, Roberto Pessoa, disse ontem que a direção regional de seu partido não vai participar de um eventual comício de Fernando Henrique Cardoso em Juazeiro do Norte (CE).
"O PFL e PSDB no Ceará comportam-se como água e óleo numa bacia, não se misturam."

Colaborou a Agência Folha, em Fortaleza

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