São Paulo, quarta-feira, 11 de maio de 1994
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Cresce ação de neonazistas no país, diz dossiê

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Aumentaram, em todo o Brasil, os ataques de grupos neonazistas, nos últimos dois anos. Foram 3 ataques em 1992, 15 em 93 e seis em 1994. O aumento dos ataques no ano passado foi de 500%, em relação a 1992.
O Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP) e a Comissão Teotônio Vilela de Direitos Humanos divulgam hoje esses números, para as principais universidades do mundo.
O dossiê mostra que, nesse período de dois anos, ocorreram 21 ataques neonazistas em todo o país, 10 com agressões físicas e estupro. Quatro casos resultaram em homicídio.
O documento é taxativo. Sustenta que houve "um recrudescimeto na natureza das ações" neonazistas, no território nacional.
"Chama-nos a atenção o fato de vários incidentes, 12 em 20, terem contado com a participação de dezenas de pessoas. Regra geral, os incidentes fatais foram precisamente os que envolveram a participação de vários indivíduos."
Analisando os casos, os pesquisadores Sandra Carvalho e Túlio Kahn concluem que, nesses ataques neonazistas, "grande é a quantidade de atos premeditados, que são indícios de alguma forma de participação: fabricação de cartazes, comemoração de datas especiais, envio de cartas com ameaças fabricação de explosivos".
As vítimas dos ataques, sustenta o relatório, são, negros, judeus, nordestinos, punks e homossexuais, nessa ordem.
Os protagonistas das ações são, diz o documento, os grupos carecas do ABC, carecas do Brasil, carecas "white power" e grupos "skinheads".
O relatório revela um número fornecido pelo sistema SOS racismo, de São Paulo, segundo o qual apenas 20% dos ataques neonazistas chegaram a conhecimento das autoridades
A análise do combate ao neonazista, feita pelo dossiê, soa favorável ao governo brasileiro. Diz o documento: "O poder público vem enfrentando o problema da disseminação do neonazismo no país e vê com apreensão e antipatia o fenômeno. Oque é alentador, se pensarmos que no passado o discurso oficial já incentivou abertamente as atividades protofascistas".

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