São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 1994
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Bancada ruralista recua e exige novas mudanças no texto da MP

REGINA ALVAREZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo voltou a enfrentar problemas para a aprovação da Medida Provisória 482 –que cria a URV (Unidade Real de Valor)– no plenário do Congresso.
A bancada ruralista recuou no acordo feito no dia anterior e passou a exigir novas mudanças no texto da MP.
O governo reabriu negociação com o setor e a votação da MP só deve ocorrer na próxima terça-feira.
O governo faria ainda ontem à noite uma tentativa de colocar a medida provisória da URV em votação.
A ação estava prevista para depois da sessão que decidiu o futuro do deputado Ricardo Fiúza (PFL-PE).
Caso não conseguisse quórum, a MP seria levada a votação na próxima terça-feira.
Os ruralistas se encontram hoje às 15 horas com o ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, para buscar um novo acordo em torno do texto da MP.
A bancada ruralista é formada por cerca de 130 parlamentares de diversos partidos que normalmente votam coesos nos assuntos de interesse do setor.
Se não for possível o acordo, o governo vai partir para o enfrentamento e, nesse caso, conta com a divisão da bancada ruralista para aprovar a MP no plenário.
Depois de garantir ao governo o apoio da bancada, o presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP) voltou atrás.
Ele se reuniu com o assessor especial do Ministério da Fazenda, Edmar Bacha, na tarde de terça-feira, após a aprovação da MP na comissão.
Marquezelli concluiu que a área econômica estava dando uma interpretação diferente da dele para a redação do artigo 16 da MP, que é a base do acordo.
O deputado quer que a equivalência na correção dos preços mínimos e financiamentos agrícolas fique assegurada a partir de 1 de março. Pela interpretação da área econômica, isso só está garantido a partir de 1º de julho, com a chegada do real.
Com a equivalência, na prática, os produtores rurais não vão mais pagar a correção dos financiamentos pela TR (Taxa de Referência), como ocorre hoje, o que garante novos subsídios ao setor.
O recuo da bancada ruralista foi motivado também pela falta de confiança do setor nas promessas do governo.
Marquezelli e os demais integrantes da Comissão de Agricultura se reuniram ontem e resolveram que as bases do acordo com o governo têm de ficar claras no texto da MP.
Pelo texto aprovado na comissão especial, seria necessário, por exemplo, um voto do Conselho Monetário Nacional para viabilizar a equivalência entre empréstimos e preços mínimos, já que hoje a correção dos financiamentos é pela TRD e dos preços pela TR, a cada 15 dias.
O deputado Victor Faccioni (PPR-RS) afirma que da forma como ficou o texto aprovado na comissão, a equivalência só é assegurada após a regulamentação das regras para o setor agrícola, a partir de 1º de julho.
Ele exibiu cálculo que prevê um acréscimo entre 32% e 40% na correção dos financiamentos em relação aos preços mínimos só durante os quatro meses em que vigorar a URV.

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