São Paulo, quinta-feira, 12 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Consultas sobre aluguel triplicam junto ao Procon

DA REPORTAGEM LOCAL

As dúvidas quanto à conversão voluntária para URV dos contratos antigos de aluguel residencial quase triplicaram o número de consultas ao Procon em São Paulo.
As 1.229 consultas relacionadas a reajuste de aluguel feitas em fevereiro pularam para 3.276 em março e 2.920 em abril.
O coordenador do órgão, Marcelo Sodré, salienta que elas cresceram ainda mais nos últimos dias e afirma que o inquilino deve analisar com cuidado as propostas que recebe.
Para Sodré, é difícil estabelecer um padrão de negociação que possa servir a todos os inquilinos. "Cada caso é um caso".
O primeiro alerta, afirma, "é lembrar que o contrato só pode mudar se as duas partes concordarem".
Há casos, no entanto, em que se evidenciam mais claramente vantagens ou desvantagens da conversão.
"Quem está em final de contrato, com valor muito defasado em relação ao mercado, poderia ter vantagem em fazer acordo por valor até mais elevado que a média, pois a rigor correria menos riscos com a denúncia vazia", diz o coordenador do Procon.
Sodré lembra a possibilidade de se fazer um aditamento ao contrato, ou até um contrato novo, e prorrogar a locação por um novo período de 30 meses.
"Já quem tem um contrato mais recente, reajuste acima da média ou pelo pico é prejudicial ao inquilino", afirma.
Todo inquilino, no entanto, deve partir de um procedimento comum para ter parâmetros para negociar.
Segundo Sodré, o primeiro passo é converter para URV os valores dos aluguéis dos últimos seis meses, sempre pelo dia do pagamento. Depois, dividir o valor encontrado por seis: esta é a média em URV.
A partir daí o inquilino terá um parâmetro para negociar, levando em conta o tempo que falta para terminar o contrato, o valor de mercado dos aluguéis e o comprometimento de sua renda.
Uma segunda dica de Sodré também se aplica a todos os casos: "Se tiver dúvida, se não entende o que está acontecendo, deixa como está. Espere as regras que serão definidas pelo governo na hora em que chegar o real".
Deflator
O presidente da Aabic (Associação das Administradoras de Imóveis e Condomínios de São Paulo), José Roberto Graiche, afirma que "se o governo pensava em acelerar a conversão voluntária dos contratos ao anunciar um deflator para quando chegar o real, não conseguiu".
Graiche, que considera o deflator "extremamente injusto", devido às diferentes defasagens nos valores dos aluguéis antigos em relação aos novos, afirma que o governo deveria "pensar no mercado, e não apenas no inquilino".
"Todo o mercado se auto-regula, e o mesmo aconteceria com as locações", prega Graiche.
Já Hubert Gebara, diretor da Hubert Imóveis e membro do conselho da Fenadi (Federação Nacional do Mercado Imobiliário), afirma que ainda é cedo para avaliar a posição do governo: "Não está nada definido".
Mas aconselha os proprietários a buscarem um acordo com os inquilinos agora.
Segundo Gebara, o acerto traz como vantagem tranquilidade à relação entre inquilino e proprietário e ambos estarão livres de qualquer susto quando vier a conversão obrigatória com a troca da moeda.

Texto Anterior: Atacado sobe até 89,11%
Próximo Texto: Cai despejo em S.Paulo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.