São Paulo, sexta-feira, 13 de maio de 1994
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Sarney desiste de disputar prévia do PMDB

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-presidente e senador José Sarney (AP) redigiu ontem à noite uma carta anunciando a decisão de não mais concorrer à prévia do PMDB. A carta-renúncia será entregue hoje à direção do partido.
Sarney tem agora duas opções para concorrer à Presidência da República. A primeira: ingressar em um micropartido e fazer uma aliança com um partido médio para garantir um espaço razoável no horário gratuito da televisão.
Essa opção depende do resultado do julgamento pelo STF (Supremo Tribunal Federal), na próxima quarta-feira, da liminar pedida pelo PSC em mandado de segurança que reivindica a reabertura dos prazos de filiação (o prazo se encerrou em 9 de janeiro).
A segunda opção é esperar que o ex-governador Orestes Quércia vença a prévia do partido, mas renuncie se for denunciado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) no caso das importações de equipamentos de Israel.
O ex-governador foi denunciado por estelionato pela Procuradoria. Ele teria autorizado as importações com preços superfaturados.
Para garantir um espaço maior no horário eleitoral gratuito, Sarney pensa em dois partidos médios: o PP do ex-governador Álvaro Dias (PR) ou o PTB do ex-ministro da Indústria e Comércio José Eduardo Andrade Vieira.
A prévia do PMDB, para decidir quem o partido vai escolher para concorrer à Presidência, está marcada para domingo, dia 15. Com a renúncia de Sarney restaram os outros dois candidatos: Quércia e Roberto Requião (PR).
Sarney avalia que Quércia vencerá a prévia com quase dois terços dos votos.
Sarney já foi beneficiado por uma primeira decisão do STF, na quarta-feira. O Supremo decidiu que os micropartidos (partidos sem representação no Congresso) podem lançar candidatos a presidente da República.
Sarney teve várias reuniões com aliados e representantes de outros partidos ontem. Não se manifestou sobre o julgamento do Supremo para não passar a idéia de que está pressionando uma decisão favorável a ele.
Mas a reabertura de filiação não seria suficiente para Sarney. Sem coligação com um partido maior, ele não teria tempo suficiente no horário político para fazer campanha. Por isso, pensa na coligação com o PP.
Líderes do PP antecipam dificuldades de entendimento. Em São Paulo, o candidato ao governo do Estado pelo PP, Antônio Medeiros, já fechou acordo com o candidato do PPR a presidente, Esperidião Amim.
Sarney também pensa num entendimento com o PFL. Mas esta aliança seria informal, porque dificilmente o partido deixará de fechar coligação com o PSDB na convenção marcada para domingo.
Requião afirmou ontem, em Brasília, que não acredita na renúncia de Sarney. "Não acredito que Sarney se preste a este jogo. E também não acredito que o Supremo vá aprovar uma tese imoral."
O ex-governador do Paraná disse que o PMDB deve "arcar" com a candidatura de Quércia se esta for a decisão da prévia. E acrescentou: "Como o Ibsen Pinheiro e o Genebaldo Correia não foram excluídos no partido, poderiam ser o vice dele".
Requião disse que recebeu do senador Pedro Simon um pedido para renunciar. "Ele pediu isso para mim e para o Sarney, para viabilizar um candidato do consenso. Mas eu sou o candidato do dissenso".

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