São Paulo, sábado, 14 de maio de 1994
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Covas mantém liderança; pedetista é o 2º

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A crise da candidatura presidencial de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) não refletiu na campanha do tucano Mário Covas ao governo paulista. Covas continua disparado na frente, com 56% das intenções de voto.
A constatação é da pesquisa do Datafolha realizada nos dias 2 e 3 de maio.
Se a disputa ocorresse naqueles dias, Covas seria eleito governador no primeiro turno, já que a soma dos votos de seus adversários não atinge sequer a metade da taxa do tucano.
A surpresa da pesquisa é o segundo lugar obtido por Francisco Rossi (PDT), que aparece com 9%. Rossi chega a 14% na capital e região metropolitana.
Apesar da boa largada, é possível prever, no entanto, que Rossi não terá fôlego para manter a posição. Falta, principalmente, estrutura partidária ao PDT, dado indispensável numa eleição estadual.
Mas os outros candidatos que poderiam ameaçar Covas não avançaram até agora. O sindicalista Luiz Antônio de Medeiros (PP), que disputa o governo com o apoio do prefeito Paulo Maluf (PPR), está com 6%.
Barros Munhoz (PMDB) tem 5%. Mas Munhoz pode estar começando a exibir a força da máquina do PMDB. No interior, onde a estrutura partidária pesa mais, Munhoz é o segundo, com 7%.
Mais complicada ainda é a situação do petista José Dirceu, com 4%. Nem o peso da candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi capaz de até agora arrancar Dirceu da incômoda "lanterninha".
A pesquisa tem números que reforçam a suspeita do meio político de que o maior perigo para Covas está em eventuais falhas em sua campanha, e não na força dos adversários.
Covas tem a maioria absoluta dos votos de simpatizantes dos outros partidos que têm candidatos ao Palácio dos Bandeirantes. Chega a 59% entre petistas e um ponto percentual a menos entre peemedebistas.
O candidato tucano também tem maioria absoluta em todas as divisões do eleitorado por escolaridade e renda familiar mensal. A vantagem é repetida nas faixas etárias.
Todos os números citados até agora são extraídos da pesquisa estimulada. Trata-se da situação em que é apresentado um cartão ao entrevistado com os nomes dos candidatos.
Na pesquisa espontânea, ou seja, naquela em que o eleitor cita o nome de seu favorito sem o estímulo do cartão, Covas cai para perigosos 5%.
Rossi, Munhoz e Dirceu têm 1% cada um na espontânea. Os indecisos chegam a 69% na pesquisa sem cartão, contra 5% na pesquisa estimulada.
A aparente falta de solidez de Covas na pesquisa espontânea é compensada pelos números da taxa de rejeição. O tucano é de longe o candidato menos rejeitado.
Apenas 11% descartam Covas. Medeiros é vetado por 32%, Dirceu por 31%, Munhoz por 25% e Rossi por 24%.
Cotejando-se com os números do Datafolha na eleição estadual de 90, as taxas de Covas são superiores às que exibia em abril daquele ano.
Munhoz repete o desempenho de Luiz Antônio Fleury Filho (PMDB) naquela ocasião. A igualdade também ocorre na comparação dos desempenhos de Dirceu e Plínio de Arruda Sampaio, candidato do PT em 90.

A pesquisa do Datafolha é um levantamento por amostragem estratificada, com sorteio aleatório dos entrevistados. O conjunto da população eleitora do Estado é dividido inicialmente em três sub-universos distintos: capital, outras cidades da região metropolitana e interior.
Em cada sub-universo, os municípios são agrupados de acordo com a localização geográfica e o nível sócio-econômico. Dentro de cada grupo, são sorteados municípios estratificados pelo tamanho de seu eleitorado. Através de sorteios sucessivos, chega-se à rua, ao bairro e ao indivíduo.
Neste levantamento, realizado nos dias 2 e 3 de maio, foram entrevistados 1.520 eleitores em 50 municípios do Estado de São Paulo. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro de um intervalo de confiança de 95%.
A direção do Datafolha é exercida pelos sociólogos Antonio Manuel Teixeira Mendes e Gustavo Venturi, tendo como assistentes Mauro Francisco Paulino, Emília de Franco e a estatística Renata Nunes César. A direção comercial é de Eneida Nogueira e Silva.
A coordenação desta pesquisa foi de Wilson Aghanatios Chammas, tendo como assistente Ailton Gobira. A amostra esteve a cargo de Sandra Dorgan e Paulo Levy.

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