São Paulo, sábado, 14 de maio de 1994
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Calma traz problemas em desastres, diz estudo

CARLOS EDUARDO LINS E SILVA
DE WASHINGTON

As pessoas que se mantêm calmas durante situações de desastre podem causar mais problemas do que as que entram em pânico.
A conclusão é de estudo publicado na edição deste mês do American Journal of Psychiatry.
O autor, David Spiegel, da Universidade de Stanford, trabalhou com vítimas dos incêndios de Oakland, Califórnia, em 1991.
Descobriu que as pessoas que permaneceram calmas durante o fogo depois sofreram mais do que as demais de "desordem de estresse pós-traumático".
Entre os sintomas dessa síndrome: insônia, pesadelos, lembranças frequentes do desastre, ansiedade, mau humor, insensibilidade emocional.
Mesmo durante o desastre o comportamento dessas pessoas pode ser perigoso: segundo os bombeiros, elas eram as que com mais frequência atravessavam as barreiras de segurança e se enfiavam no fogo para tentar salvar objetos.
A recomendação do psiquiatra é que bombeiros e paramédicos que atendam a situações de emergência não deixem de prestar atenção e assistência às pessoas que aparentam calma.
Embora as que demonstrem pânico possam parecer mais necessitadas, as pessoas que permanecem tranquilas também precisam de atendimento.
As conclusões de Spiegel foram reafirmadas por Charles Marmar em pesquisa sobre o comportamento de veteranos da Guerra do Vietnã.
Marnar acompanhou durante 20 anos as vidas de 251 veteranos e também constatou que os mais calmos em ação se tornaram os mais perturbados depois.

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