São Paulo, sábado, 14 de maio de 1994
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Pilotos da F-1 recriam a sua associação

CLOVIS ROSSI; ANDRÉ LOZANO
DOS ENVIADOS ESPECIAIS

Os trágicos acidentes ocorridos na Fórmula 1 nos últimos quinze dias já começam a produzir os primeiros resultados.
Além das novas mudanças apresentadas pela FIA, uma reunião de mais de quatro horas entre os pilotos de F-1 ocorreu ontem em Mônaco.
O motivo: tentar apresentar propostas para uma maior segurança dos pilotos.
Os corredores decidiram recriar o GPDA, a associação dos pilotos. Quatro deles foram escolhidos para representar os demais na discussão com os dirigentes da F-1: Niki Lauda, Gerhard Berger, Michael Schumacher e Christian Fittipaldi.
A escolha tentou dar o máximo de representatividade aos escolhidos. Evitou-se assim que apenas pilotos mais experientes ou de equipes maiores representassem toda a classe.
Embora muitas questões tenham sido levantadas, a atuação imediata dos pilotos se limitará a discutir o traçado dos circuitos.
Ficou acertado que os quatro representantes irão vistoriar as pistas dos três próximos GPs (Espanha, Canadá e França) e sugerir eventuais mudanças.
Os quatro irão se concentrar particularmente nos pontos onde os acidentes são menos esperados. É o caso da curva Tamburello, onde Senna morreu. Esses pontos acabam recebendo pouca proteção. Uma eventual falha técnica pode ter consequências trágicas.
Ao final da reunião, Berger deu uma declaração que demostra a importância da iniciativa dos pilotos: "O traçado da pista de Mônaco está errado na saída do túnel e entrada da chicana".
Este foi o local onde Wendlinger se acidentou na quinta. Talvez isso pudesse ter sido evitado se a iniciativa fosse mais antiga.
Para um prazo mais longo, dois outros pontos devem ser modificados. A cabeça do piloto deve receber uma maior proteção e a potência dos carros tem que diminuir.
O brasileiro Christian Fittipaldi, um dos quatro representantes escolhidos, reconheceu que é muito difícil fazer mudanças nos carros no meio do campeonato.
O presidente da FIA, Max Mosley, se disse pronto a ouvir as opiniões dos pilotos e reconheceu que o trabalho conjunto entre os corredores, dirigentes e técnicos pode tornar tudo mais fácil.
O brasileiro Rubens Barrichello apoiou os resultados da reunião. Disse que foi "muito interessante", pois todos entraram em contato com questões em que muitas vezes nunca tinham pensado.
"A associação é muito forte, pois a nossa união é grande agora. Se for preciso, poderemos impor nossa opinião aos dirigentes do esporte", afirmou Barrichello.
(Clóvis Rossi e André Lahoz)

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