São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 1994
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Problemas de FHC lembram os de 89

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Problemasde FHC lembramos de 89
Os tropeços de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) na atual campanha presidencial têm semelhanças aos enfrentados pelo senador Mário Covas em 1989, ao disputar o Planalto pelo mesmo partido.
Naquela campanha, Covas teve dificuldades na escolha do vice e o partido também ameaçou se dividir. A exemplo de FHC, Covas também enfrentou problemas para firmar seu nome no Nordeste –segundo maior colégio eleitoral do país.
Covas queria um nome de Minas ou do Nordeste para fortalecer sua campanha. Os mineiros Pimenta da Veiga e Hélio Garcia não aceitaram. Como na campanha atual, a discussão em torno da escolha do vice provocou séria crise no partido.
Sem Pimenta e Garcia, Covas voltou os olhos exlusivamente para o Nordeste. Pensou no nome do sergipano Camilo Calazans, ex-presidente do Banco do Brasil. Rechaçado pela esquerda do partido, Calazans acabou disputando a eleição como vice de Ronaldo Caiado (PSD).
Novos nomes entraram na pauta do PSDB. Um deles era o do então governador Tasso Jereissati, eleito pelo PMDB. Mas Jereissati, dividido entre as candidaturas de Fernando Collor e Covas, também foi deixado de lado.
Dois outros nordestinos entraram no páreo –Joaquim Francisco e Roberto Magalhães, ambos de Pernambuco. Apesar dos protestos da esquerda do PSDB, Magalhães acabou tendo seu nome homologado na convenção tucana.
Mas Magalhães resistiu pouco e abandonou a candidatura, criando séria crise na campanha. Sem nenhuma outra opção no Nordeste, o PSDB optou pelo senador paraense Almir Gabriel, sem nenhuma projeção nacional.
Também a exemplo de Fernando Henrique, Covas enfrentou dificuldades nas pesquisas eleitorais. Durante quase toda a campanha, oscilava entre 5% e 7% nas intenções de voto –obteve no primeiro turno uma tímida quarta colocação, com 5,9 milhões de votos.
Como o discurso atual de FHC, o de Covas também tinha um pé no barco da esquerda e outro no da direita. Para atrair apoio dos empresários, Covas tentava apagar sua atuação estatizante no Congresso constituinte.
Monitorado por empresários, fez um discurso em que pregava um "choque de capitalismo". Acabou sem agradar ao eleitorado de esquerda e de direita, e perdeu a eleição.

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