São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 1994
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CUT discute apoio financeiro a Lula

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

A CUT pode aprovar, no seu 5º Congresso Nacional, que começa na próxima quinta-feira em São Paulo, o apoio formal a Lula nas próximas eleições para presidente.
Quatro congressos estaduais da central (Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Pará) aprovaram teses nesse sentido.
O Congresso da CUT Regional da cidade de São Paulo foi mais longe: aprovou a formação de um fundo sindical para ajudar a financiar a campanha de Lula.
Esse fundo seria formado com recursos dos próprios sindicatos filiados, que teriam de submeter a decisão a assembléias das categorias de base.
O presidente da CUT, Jair Meneguelli, da corrente Articulação Sindical, é contra o apoio formal a Lula já no primeiro turno. "A CUT tem diversos dirigentes de outros partidos", argumenta.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, futuro presidente da central, também da Articulação Sindical, tem posição semelhante.
"A grande maioria dos militantes da CUT vai apoiar o Lula. Mas a entidade tem de manter sua automonia perante todos os partidos políticos", afirma Vicentinho.
Embora os dois dirigentes da Articulação Sindical defendam tal posição, o mesmo não se verifica em toda a corrente. Segundo a Folha apurou, diversos militantes da Articulação defendem o apoio formal da entidade desde já a Lula.
A proposta ganha mais forma considerando-se que a Corrente Sindical Classista (PC do B), que votou contra o apoio a Lula no Congresso da CUT Estadual São Paulo, realizado de 15 a 17 de abril, mudou sua posição.
A corrente teve 14% dos votos no 4º Congresso da CUT.
"Desde abril a conjuntura mudou. Hoje há uma clara polarização nas eleições e Lula é, sem dúvida, o candidato dos trabalhadores", diz Sérgio Barroso, secretário de imprensa da CUT e membro da Corrente Sindical Classista.
Barroso discorda, no entanto, da criação de um fundo com recursos do sindicato. Para ele, esse tipo de fundo daria força aos argumentos de inimigos do PT, de que os sindicatos e a CUT estão a serviço do partido.
Para Osvaldo Martinez D'Andrade, da executiva da CUT Estadual São Paulo e membro da corrente O Trabalho, o fundo sindical evitaria acusações de corrupção por parte dos opositores do PT e da CUT.
"Como o fundo seria aprovado democraticamente nas bases dos sindicatos, ninguém poderia dizer que a CUT está desviando dinheiro para o PT", argumenta ele.
O 5º Congresso Nacional da CUT vai se realizar nos dias 19, 20, 21 e 22 de maio no Clube da Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal. O número de delegados previsto é de 2.530. Herbert de Souza, o Betinho, coordenador do programa de combate à fome, foi convidado para a abertura.

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