São Paulo, segunda-feira, 16 de maio de 1994
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Resultado aponta alta abstenção em MG e RS

GUTEMBERG DE SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O resultado mais relevante das prévias do PMDB, além da esperada vitória do ex-governador Orestes Quércia, foi o alto índice de abstenção, principalmente em Estados de peso eleitoral como Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
Esta foi a conclusão a que chegou o partido a partir dos dados enviados a Brasília até as 21h. Os resultados demonstram que Quércia deverá enfrentar maiores problemas dentro do próprio PMDB.
"A se manterem esses números, continua indefinido o pensamento do partido sobre quem deva ser seu candidato", reagiu o ex-presidente e senador José Sarney (AP), que desistiu da prévia.
No próximo domingo, a convenção nacional do PMDB deverá ratificar o resultado da prévia e lançar oficialmente a candidatura de Quércia à Presidência.
A abstenção levou o presidente nacional do PMDB, deputado Luiz Henrique (SC), a reconhecer o "efeito renúncia" de Sarney. "Ele teria tido um bom desempenho se disputasse a prévia. Jogou a toalha antes do tempo", afirmou.
Mesmo assim, Luiz Henrique insistiu em dizer que "a prévia foi uma demonstração de força do PMDB". Para o partido, pelo menos uma parte da abstenção pode ser atribuída ao sentimento de "já ganhou" dos quercistas.
A chegada dos números de Minas Gerais, a segunda maior seção estadual do PMDB (a primeira é São Paulo), frustrou a esperança de que o índice de abstenção pudesse baixar.
Os dirigentes esperavam que em Minas a participação fosse alta, porque a prévia foi realizada simultaneamente à convenção regional. A ausência de 69,8% assustou os peemedebistas. Minas é também o segundo maior colégio eleitoral do país.
Na terceira seção mais importante do PMDB, o Rio Grande do Sul –onde é forte a resistência ao nome de Quércia–, a abstenção foi de 86,51%. Mesmo assim Quércia, com 176 votos, ficou à frente de Requião, com 123.
Nordeste
A saída de Sarney provocou um baixo comparecimento às urnas no Nordeste. A abstenção foi alta no Maranhão (66,77%), que é a terra de Sarney, e também no Amapá (68,92%), Estado pelo qual se elegeu senador.
Sarney desistiu porque avaliou que não teria chances de derrotar Quércia dentro do partido. Agora espera que a Justiça reabra o prazo de filiação partidária, com o que poderia se lançar ao Planalto por outra legenda.
Se isso não acontecer, sua última esperança está na possibilidade de a Justiça aceitar a denúncia contra Quércia no caso Israel (importação de equipamentos sem concorrência), o que poderia levar o PMDB a trocar seu candidato.

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