São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 1994
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Arma de PM matou meninos na Candelária

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

O Departamento Geral de Polícia Técnica (DPTC) identificou ontem um revólver Rossi, calibre 38, como a primeira arma usada na chacina da Candelária, no dia 23 de julho do ano passado.
A arma foi apreendida em poder do soldado PM, Arlindo Lisboa Afonso Júnior, preso no dia 15 de abril, em Itaperuna, por roubo de carro.
O exame de balística, realizado no DPTC, mostrou que o revólver foi usado para matar duas das oito vítimas da chacina. O DPTC não forneceu os nomes dos mortos.
As balas do revólver apreendido foram comparadas, com o uso de microscópio, com os projéteis retirados dos corpos das vítimas. O exame revelou que três projéteis –de nºs 2, 10 e 11– saíram dele.
"Esse exame dá 100% de certeza de que a arma foi esta. Cada arma tem uma espécie de impressão digital e deixa marcas próprias nas balas", disse o diretor do DPTC, Mauro Ricart.
Segundo Ricart, o soldado Arlindo Lisboa, ao ser interrogado, contou que a arma teria sido usada na chacina da Candelária.
O próximo passo da polícia técnica é enviar o revólver ao Departamento de Fiscalização de Armas e Explosivos (DFAE) para descobrir a origem da arma. A polícia quer saber se ela tem registro, se pertence à Polícia Militar e como o revólver chegou às mãos do PM preso.
O laudo da arma vai ser enviado à Delegacia de Defesa da Vida (DDV), onde foi aberto o inquérito para apurar a participação do PM Arlindo Lisboa na chacina.
Arlindo Lisboa está preso no Batalhão de Choque da PM. A polícia vai investigar a participação dele na chacina.
Segundo a polícia técnica, pelos menos cinco armas foram usadas na chacina. Mas de 20 armas foram examinadas até hoje, mas a primeira a ser identificada foi o esse revólver 38.
No ano passado, vários soldados do 5º Batalhão da PM (praça da Harmonia) foram presos como suspeitos pelas mortes. Hoje quatro pessoas, um civil e três PMs, estão respondendo pelo crime.
Os acusados tiveram prisão preventiva decretada no dia 3 de agosto do ano passado, pela juíza Maria Lúcia Capiberibe, do 2º Tribunal do Júri.

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