São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Vitória contra a mentira

EDIVALDO SANTIAGO SILVA

Os trabalhadores em transportes da cidade de São Paulo encerraram por volta das 12h do dia 11 de maio a greve que haviam deflagrado à 0h do dia 9.
No julgamento do dissídio pelo Tribunal Regional do Trabalho, realizado no mesmo dia em que a paralisação foi suspensa, foi concedido um reajuste de 19%. Um índice inferior ao que reivindicamos, mas, em virtude dos sacrifícios que significaria para a população a continuidade do movimento e pelo fato de ser uma decisão judicial, acatamos sem vacilar.
O patronato e a Prefeitura de São Paulo já anunciaram disposição de recorrer da sentença. Quando paramos disseram que a contenda devia ser resolvida nos tribunais; quando saiu a sentença não aceitaram. Ainda assim, dizem que os selvagens somos nós, trabalhadores.
À opinião pública devíamos explicações, sobretudo pela confusão que a administração municipal tentou gerar com um sórdido anúncio veiculado nas emissoras de televisão e em um quarto de páginas da grande imprensa, contendo mentiras sobre a realidade salarial dos trabalhadores em transportes.
Deixando de lado a questão dos gastos monumentais do dinheiro público para veiculação de agressões a uma categoria importante para o funcionamento da cidade, é intolerável o fato de tal campanha mentir sobre os salários reais da categoria.
O ardiloso anúncio afirmava que nossos salários atingiam 660 URVs, quando na verdade a remuneração do motorista é de 414 URVs e a dos cobradores, de 240 URVs. Entretanto, o anúncio só serviu para unificar ainda mais a categoria, que, revoltada, decidiu pela antecipação de greve que deveria ser deflagrada à 0h de terça, 10/05.
Convivemos agora com uma intensa campanha que quer transformar nossa luta salarial em greve política. Não concordamos com esse enfoque.
Todas as categorias profissionais possuem uma data-base antes da qual devem ser feitas as negociações salariais. No nosso caso esta data é 1º de maio e entregamos nossa pauta de reivindicações, com ampla cobertura da imprensa, ainda durante o mês de março.
Ocorreu que os responsáveis pelos transportes em São Paulo, sempre eficientes para produzir demissões, mostraram-se indolentes nas negociações, permitindo que ultrapassássemos a data-base sem concluir as negociações. O mesmo ocorreu com as demais categorias em greve e que possuem data base no mesmo período.
Será que teremos que conviver com baixos salários e perdas salariais só para salvar a campanha eleitoral de um ou outro candidato?

Texto Anterior: Tocantins 1; Tocantins 2; Amazonas 1; Amazonas 2; Amazonas 3; Amazonas 4; Amazonas 5; Amazonas 6
Próximo Texto: Arma de PM matou meninos na Candelária
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.