São Paulo, terça-feira, 17 de maio de 1994
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Estudo revela poder da economia informal

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Um estudo do Bird (Banco Mundial) divulgado ontem concluiu que em 1985 o setor informal da economia brasileira já representava 37% da produção do país e 61% do total de empregos gerados.
Segundo o economista Geoffrey Shephard, um dos autores do trabalho, no conceito de economia informal estão englobadas todas as atividades que não pagam impostos, inclusive as das empresas legalmente constituídas.
O estudo, feito por Shephard em parceria com o economista Paul Holden, conclui também que a falta de estabilidade econômica é o principal entrave à expansão do setor privado brasileiro.
Shephard disse que embora o empresariado tenha demonstrado criatividade para conviver com o ambiente inflacionário, não é possível sustentar um crescimento como o do ano passado (5%) sem acabar com a inflação.
Um dos principais motivos é que a convivência com a inflação praticamente acabou com o crédito, indispensável aos investimentos necessários ao crescimento sustentado.
Os economistas do Bird constataram também que a inflação e os sucessivos choques decretados para acabar com ela provocaram uma crise aguda de confiabilidade nos contratos de vendas.
Nos períodos de choques, 41% dos contratos do setor de confecções precisaram ser renegociados entre compradores e vendedores.
Nas épocas de normalidade da economia inflacionária brasileira, esse percentual ainda chega a 7,5%, contra 2,3% do Chile, país que já alcançou sua estabilização.
O único setor que poderá ter problemas com a estabilização, de acordo com o estudo, é o financeiro, por causa da excessiva vinculação da atividade bancária com a rolagem da dívida pública.
Em clima de estabilidade, os bancos terão que voltar a viver basicamente das operações de crédito, que caíram 53% de 1980 a 1991 (para empresas privadas), enquanto a economia cresceu 18% no período.
Para Goeffrey Shephard, o problema maior será dos bancos estatais, porque os privados já estariam se ajustando para enfrentar uma nova conjuntura.

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